Uma mulher, de 38 anos, residente em Peso da Régua, acabou por morrer, ao início da tarde de ontem, já no Hospital de Vila Real, depois de socorrida pelos bombeiros locais. A Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) ainda foi chamada, mas não estava disponível porque o médico de serviço se encontrava doente. A família acredita que se não fosse assim, a vítima \"poderia ter sobrevivido\".
Maria da Conceição Dias, que deixa um filho de quatro anos, sofria de uma doença grave, mas morava a apenas 200 metros do Hospital D. Luís I, na Régua. O marido não se conforma. E recorda \"São já três pessoas deste concelho a morrerem em menos de uma semana, por dificuldades do INEM , da VMER ou do sistema ou das estradas ou de outra coisa qualquer. Será que os nossos governantes não entendem que isto quer dizer alguma coisa?\".
O marido e outros familiares da vítima, que pediram para não serem identificados,desabafam. \" Parece que se parte do princípio que as pessoas, porque estão gravemente doentes ou porque são idosas, vão morrer e, por isso, não vale a pena estar-se com muito trabalho.Isto é desumano\", acrescenta um dos familiares.
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua, António Fonseca, disse, ao JN, que \"tudo foi tentado\" da parte dos bombeiros para salvar a senhora.\" Prestamos os cuidados que pudemos durante a viagem, mas acabamos por solicitar o apoio da VMER, para que viesse ao nosso encontro, dada a gravidade da situação. Foi-nos dito que a viatura estava inoperacional\", referiu. António Fonseca diz que \"também no Hospital de S. Pedro foi tentada a reanimação, mas já nada puderam fazer\".
Carlos Vaz, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, confirmou que \"a VMER esteve inoperacional ontem da parte da manhã, devido à falta de médico. Infelizmente, o médico que estava escalado para o serviço ficou doente e não foi possível substitui-lo, pelo que a VMER só começou a funcionar às 14 horas\". Aquele responsável frisou, no entanto, que \"a vítima estava já em paragem respiratória e tinha um cancro em fase terminal\". Também o INEM salienta esta questão \"A senhora em causa tinha um cancro em fase terminal e, segundo sabemos, estava já muito mal\", disse uma fonte contactada pelo JN.
O Jornal de Notícias tentou obter declarações dos responsáveis do Ministério da Saúde, mas tal não foi possível. Do Ministério fomos remetidos para o INEM e para o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro.