A uma semana de completar noventa e quatro anos, J. Rentes de Carvalho, o nosso romeiro sem romaria (é esse o seu ex-libris) apresenta Cravos e Ferraduras, um retrato dos últimos anos da vida portuguesa (d)escrito através de personagens escolhidas a dedo.

É sobre os portugueses de província, os manhosos e malandros da pátria, que o escritor se deixa espraiar em contos e crónicas com figuras que não merecem a nossa piedade e que tantas vezes nos enternecem.

Trocando os nomes e avariando as grandes teorias sobre o funcionamento da pátria, estes textos de J. Rentes de Carvalho retratam o país – com humor, cumplicidade, atrevimento, ou uma compreensão que não pede distância, mas proximidade. Os comportamentos destas personagens não são, na maior parte das vezes, dignos de elogio ou de serem escolhidos como exemplo. Não receberão medalhas no Dia de Portugal. Mas são, arrancados à vida desconhecida da província, das vilas e aldeias da pequena pátria, um dos melhores retratos de todos nós, frívolos ou sentimentais, mentirosos ou com um fingido amor pela verdade.

Cravos e Ferraduras é uma espécie de resumo dos últimos anos da vida portuguesa, um retrato do país através de pequenos apontamentos sobre personagens e vidas comuns, populares, rurais, desconhecidas – e sobre um escritor que observa o seu país, rindo ou ficando macambúzio. Ou fingindo-se.

J. Rentes de Carvalho usa a língua portuguesa de forma brava, destemida, clássica, tradicional, sensível e desarrumada. Regressa às livrarias com este novo livro, Cravos e Ferraduras, a 9 de maio. 



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