A Norcaça, Norpesca e Norcastanha, para além de uma total remodelação do espaço físico, conta com muitas novidades em relação a anos anteriores como, por exemplo, um espaço vigiado para crianças e uma gincana de tratores agrícolas que promete não deixar ninguém indiferente.
Foi no dia de ontem, a 1 de novembro, que teve lugar a abertura oficial da Feira Internacional do Norte. A cerimónia que aconteceu pelas 18 horas contou com a presença do já aguardado secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Miguel João de Freitas, e do recém-eleito, na última renovação governamental, secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Sobrinho Teixeira. O ex-presidente do instituto Politécnico de Bragança (IPB) foi como que uma surpresa da inauguração do certame, pois não existia qualquer referência no programa que mencionasse o facto de ter sido convidado.
Quanto a novidades, o certame concretizou na sua 17ª edição, o maior salto quantitativo e qualitativo de que há memória em relação a anos anteriores. Tudo feito com o propósito de dinamizar a região, potenciar a sua economia e atrair mais visitantes. A presença do modelo internacional brigantino, André Costa, no tradicional desfile de moda de sexta-feira à noite, o concerto no sábado, dia 3 de novembro, às 22h30, com a fadista Cuca Roseta, a Gincana de Tratores agrícolas no domingo à tarde e um espaço vigiado de animação infantil com diversos equipamentos de diversão, reservado para as crianças com idades compreendidas entre os 3 e os 10 anos.
No seu discurso de abertura, o presidente da Câmara Municipal de Bragança sublinhou a importância no território transmontano dos três setores de atividade que integram a Norcaça, Norpesca e Norcastanha. Hernâni Dias fez, também, questão de referir a preponderância da agricultura familiar no nosso território, abordando a necessidade do Governo ter em conta não só as grandes explorações agrícolas, exigindo a “coabitação dos dois modelos”. “Esta é uma questão eminentemente política, pois está em causa a repartição dos financiamentos públicos, dos investimentos, dos pagamentos aos produtores e dos modelos de organização territorial e setorial para apoio ao desenvolvimento”, argumentou o autarca, ciente das sérias dificuldades que pesam sobre as famílias que vivem da agricultura em Trás-os-Montes.
O autarca elogiou, também, o papel do IPB na investigação científica, identificando “as principais doenças que afetam os castanheiros, mas também as melhores e mais eficazes soluções para a cura”, dando como exemplo problemas como o cancro, o tinta e as vespas das galhas do castanheiro que têm vindo a “comprometer a produção da castanha”.
“A castanha é um produto que representa um valor económico de 100 milhões de euros para a região e somos responsáveis por 85 por cento da produção nacional de castanha. Desta produção, 70 a 80 por cento destina-se a mercados externos”, Hernâni Dias
Aproveitando, ainda, a presença do secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, o edil brigantino referiu uma situação que “não compreende”, o facto de “termos um número significativo de jovens que pretende criar o seu próprio posto de trabalho e aqui fixar-se nesse âmbito e, por isso fizeram as suas candidaturas ao plantio de novos soutos, vivendo agora momentos aflitivos, pois ainda não obtiveram resposta a essas candidaturas”, sublinhou Hernâni Dias, acrescentando que as “candidaturas de 2017 foram apenas pontuadas” e “que perante uma comparticipação necessária de 200 milhões de euros, o Governo apenas disponibilizou 40 milhões”.
Em resposta aos agricultores e às declarações do autarca de Bragança, Miguel João de Freitas afirmou que “o Ministério da Agricultura abriu as candidaturas para os jovens agricultores com um determinado plafond e é no quadro desse plafond que estão a ser analisadas as candidaturas”, remetendo qualquer insistência dos jornalistas para questões relacionadas com o seu campo de atuação. No que concerne à questão dos castanheiros, o secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural asseverou que foi aberto um anúncio para o Norte no valor de 10 milhões de euros “que esperamos que possam ajudar a fazer a mudança que é necessária no castanheiro”, garantindo estar disponível para avaliar, em março de 2019, “quando fecharmos a análise destas candidaturas, se é necessário um programa específico para o castanheiro e se for necessário cá estaremos para avançar com ele”.
Miguel João de Freitas adiantou, ainda, que os jovens agricultores são muito importantes para aquilo que se pretende fazer na agricultura, mas o que o membro do Governo quis mesmo destacar foi que “estamos a trabalhar para criar a figura do jovem empresário rural, em que a ideia da multifuncionalidade é essencial”. Isto no sentido de permitir aos jovens, de acordo com o responsável, virem para o interior e fixarem-se na região não só tendo como alternativa trabalharem na agricultura, mas poderem, também, virem e trabalharem nas florestas, criando e atribuindo-lhes apoios semelhantes ao criados para os jovens agricultores. “O jovem ligado à componente florestal vai poder beneficiar, também, de um quadro mais favorável para se instalar no interior”, prometeu o entrevistado.
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