O Jardim Botânico da Universidade de Vila Real (UVR), constituído por uma colecção de mais de 11.500 exemplares de 2.500 espécies, distribuída por 40 hectares, é considerado por vários especialistas como \\"um espólio natural da região muito precioso\\". Só que este \\"tesouro\\", como é por muitos reconhecido, vive hoje momentos difíceis, devido à falta de pessoal e, especialmente, à escassez de fundos monetários.

O Jardim Botânico surgiu no ano de 1988, graças a Luís Torres de Castro. Desde essa altura, até ao ano de 2000, sobreviveu com uma verba de 150 euros (30 contos) mensais, atribuída pela direcção da UVR. No entanto, essa quantia deixou em 2000 de lhe ser concedida, devido \\"à crise das universidades\\", como explica Luís Crispí, conservador do herbário e investigador. Desde então, o Jardim Botânico tem concorrido a todo o tipo de programas, de forma a conseguir angariar o máximo de verbas possível. Contudo, essa quantia \\"não tem sido suficiente\\".

Neste momento, está a construir-se dentro do Jardim Botânico uma nave de exposições, graças ao programa \\"Agro\\". Mas, \\"contra a vontade\\" de Luís Crispí, \\"será um pré-fabricado, visto não haver dinheiro para mais\\". O investigador considera esta situação \\"absurda\\" e diz que não compreende \\"a pouca atenção e dedicação de todos pelo Jardim\\".

A verba atribuída pelo programa \\"Agro\\" é de 179 mil euros. 35 mil euros serão destinados à construção do pré-fabricado, com 90 metros quadrados, e o restante servirá para pagar aos funcionários que ali trabalharão.

Contudo, o investigador salienta que a \\"falta de dinheiro\\" está também a originar \\"dificuldades\\" na exploração da zona, nomeadamente nas viagens de campo para a recolha de plantas, e na aquisição de novas espécies.

\\"Câmara deve apoiar jardim\\"

\\"Até agora, a ginástica financeira tem sido enorme\\", confessa Luís Crispí, alertando que \\"a situação do Jardim Botânico terá de sofrer alterações, ou a sua extinção poderá estar para breve\\".

Segundo o investigador, \\"as dificuldades são quase que inultrapassáveis\\". Por isso, avisa que, \\"sem apoios, o Jardim não sobrevive\\". \\"Seria importante\\", defende Luís Crispí, \\"que houvesse um protocolo entre a UVR e a Câmara Municipal de Vila Real\\". Os contactos para esta cooperação já foram feitos, explica, mas até agora \\"não deram quaisquer frutos\\". \\"Toda a gente diz ter consciência da importância e do valor do Jardim Botânico, mas ninguém dá passos sólidos na concretização de apoios\\", lamenta o conservador, adiantando que \\"Vila Real iria ganhar muito com a divulgação da existência nesta cidade do maior jardim botânico do país e um dos maiores da Península Ibérica\\".

Na opinião de Luís Crispí, \\"é lamentável e incompreensível, que os vila-realenses nem sequer saibam que têm um jardim botânico desta dimensão e com este valor na sua cidade\\". No entanto, segundo o investigador, esta situação \\"é real\\". E \\"é contra esta ignorância que lutamos diariamente\\", explica.

Luís Crispí salienta que o Jardim Botânico \\"tem tido o apoio da direcção da UVR desde o seu nascimento\\", contudo, está consciente que, devido às \\"dificuldades financeiras\\" pelas quais esta está a passar, não poderá ajudar muito mais este \\"éden\\". Por isso, espera que a autarquia vila-realense \\"abra os olhos\\" para aquilo que pode ser, segundo o investigador, \\"muito rentável em termos monetários\\", e que \\"dê o primeiro passo para a reformulação e a divulgação do Jardim Botânico de Vila Real\\". Caso isto não venha a acontecer, \\"adeus Jardim Botânico\\".



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