O presidente da Câmara de Mirandela, o social democrata José Silvano, classificou hoje como «perfeitamente centralista» a posição da ex-ministra social-democrata Manuela Ferreira Leite ao defender o encerramento de maternidades.
«A doutora Manuela Ferreira Leite sempre foi centralista, sempre olhou para o económico em detrimento do resto», declarou à Lusa José Silvano.

José Silvano tem encabeçado a contestação ao encerramento de maternidades no Nordeste Transmontano, onde está previsto que feche, até ao final do ano uma das salas de parto, ou a de Bragança ou a de Mirandela.

A conselheira de Estado Manuela Ferreira Leite declarou segunda-feira numa entrevista à Rádio Renascença que concorda com o encerramento das maternidades proposta pelo Governo, adiantando que a medida não pode voltar atrás.

De acordo com a ex-ministra das Finanças do Governo de Cavaco Silva, «a medida (de encerramento de maternidades) não pode voltar atrás depois de se ter anunciado que os blocos de partos em vias de fechar não garantem condições de segurança para as mães e bébes».

Manuel Ferreira Leite criticou ainda os partidos da oposição, incluindo o PSD, por demonstrarem uma «tendência para se aliarem ao processo emotivo» que a decisão envolve, ou seja, por estarem contra a decisão do encerramento.

«Há aqui um aspecto emotivo que se compreende. As pessoas gostam de nascer num determinado sítio, até se deslocam para ter aí os seus filhos mas esse aspecto não deve prevalecer perante a sobrevivência de uma criança ou as mazelas que ela pode sofrer por falta de cuidados à nascença», disse a ex-ministra na entrevista ao programa «Falar claro» da Rádio Renascença.

Para o autarca transmontano do PSD, Manuela Ferreira Leite «é igual ao ministro da Saúde [Correia de Campos] e a outros médicos responsáveis por esta medida: dirigentes centralistas perfeitos, que tomam medidas sem conhecerem a realidade local».

Silvano convidou a ex-ministra a visitar a região e «ver quanto tempo demora uma grávida de Freixo de Espada à Cinta a chegar à maternidade».

«Não é melhor terem este tratamento (as actuais maternidades) do que ficarem na estrada e demorarem duas horas a chegar?», questionou.

O autarca desvalorizou o facto de Manuela Ferreira Leite ser do seu partido, afirmando que «não estão em causa os partidos, mas o centralismo e o lobby que tudo faz para que fique tudo no litoral».

José Silvano promoveu em Mirandela, no dia 6 de Maio, a maior manifestação de sempre no Nordeste Transmontano com mais de cinco mil pessoas contra o encerramento das salas de parto.

Nessa ocasião, anunciou estar a preparar com outros municípios, onde está previsto o encerramento de maternidades, acções de protesto conjuntas, que poderão passar por uma manifestação em Lisboa ou iniciativas em simultâneo em todos os concelhos.

O presidente da Câmara de Mirandela está contra o encerramento de maternidades no distrito de Bragança, onde está previsto em despacho governamental que uma das duas existentes - uma na capital distrital e outra em Mirandela - feche até 31 de Dezembro.



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