Já está a ser investigado o sequestro de um luso-descendente que, quinta-feira passada, foi apanhado pelos seus raptores quando se preparava para pagar o resgaste pela libertação do pai e do tio, sequestrados em Julho.
Um jovem luso-descendente foi sequestrado na Venezuela quando se preparava para pagar o resgate de dois familiares raptados no início do mês, disse à agência Lusa um vizinho, uma informação confirmada pela polícia local.
Descendente de madeirenses naturais de São Vicente, Avelino de Gois, de 18 anos, foi sequestrado quinta-feira em Puerto Cabello, estado de Carabobo (300 quilómetros a oeste de Caracas), acrescentou o mesmo vizinho, que pediu o anonimato por medo de represálias.
O sequestro ocorreu quando o jovem se preparava para pagar uma avultada quantia de dinheiro pela libertação do pai, Abel de Gois (40 anos) e do tio, Caetano Andrade (47), raptados por desconhecidos a de Julho, na localidade de Urama, Puerto Cabello.
“Eles (os sequestradores) pediram a quantia de 1.000 milhões de bolívares (aproximadamente 466 mil dólares americanos) pelo resgate, a família conseguiu reunir 500 milhões de bolívares e negociou o pagamento em prestações”, disse a fonte, que não soube precisar quantos eram os raptores nem o sítio exacto onde teria lugar o encontro.
Fonte da subdelegação local do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminais (antiga Polícia Técnica Judiciária) confirmou à Lusa que já foi aberta uma investigação ao caso.
Entretanto, em declarações aos jornalistas, o director-geral desta polícia confirmou a libertação dos dois portugueses raptados no início do mês, remetendo para mais tarde quaisquer informações adicionais.
Abel de Góis e Caetano Andrade, de 40 e 47 anos, são proprietários de uma empresa avícola e uma adega, em Tucacas, Estado Falcón (100 quilómetros a nordoeste de Puerto Cabello) e de um talho em Morón, Estado de Carabobo. Foram raptados a 2 de Julho quando saíam de carro de uma fazenda da qual são proprietários, em Urama, Puerto Cabello, para ir ao encontro de uns compradores de gado com quem tinham contactado telefonicamente.
Na edição da última quinta-feira o jornal venezuelano “Últimas Notícias” definiu como “situação alarmante” os sequestros no Estado de Carabobo e alertou os comerciantes de que “os principais alvos são empresários de origem estrangeira”.
Aquele diário diz que cinco pessoas estão sequestradas naquele estado e que “60 por cento dos casos não são denunciados por temor a que assassinem as vítimas”.
Em declarações à imprensa o presidente da secção regional da Federação de Câmaras de Comércio (Fedecâmaras), Flávio Fridegotto, anunciou que pediu às autoridades que decretem o estado de emergência na região, devido à “onda de sequestros e aos mais de 600 homicídios ocorridos nos últimos meses”.