A Junta de Freguesia de Argozelo, no concelho de Vimioso, acusou hoje o Governo de adiar a prometida solução para o problema dos resíduos e materiais poluentes abandonados nas desactivadas minas daquela localidade.
"Passado um ano e meio, ainda não foi cumprida a promessa de retirar todo o material poluente, bem como fechar, sinalizar e vedar as crateras que, entretanto, se foram abrindo à superfície, e que o mau tempo dos últimos dias agravou", acusa, em comunicado, a autarquia do PSD.
O texto refere que a promessa foi feita pelo então secretário de estado Adjunto da Ministra do Ambiente, Ricardo Magalhães, que em Julho de 1999 visitou o local na sequência da polémica gerada em torno de alegados resíduos tóxicos existentes nas minas.
A situação foi denunciada durante as autárquicas de 1997 quando, durante o debate político, surgiram os alegados "perigos" dos resíduos que se encontravam abandonados e de fácil acesso à população nas minas de volfrâmio, desactivadas no final da década de 80.
O presidente da Câmara de Vimioso, José Miranda (PS), chegou a ameaçar depositar os resíduos no Terreiro do Paço caso o Governo não tomasse uma atitude.
A Junta de Freguesia de Argozelo antecipou-se e tentou resolver o problema por intermédio de um empresário do ramo.
O anúncio de que os resíduos iam ser transportados para Estarreja alertou as autoridades ligadas ao Ambiente e o transporte abortou, por ser considerado ilegal, apesar de alguns bidões ainda terem sido carregados num camião que acabou por largá-los à entrada das minas, sem mais explicações.
O Ministério do Ambiente interveio e mandou fazer análises aos resíduos que se encontravam no local, concluindo que não se tratava de produtos tóxicos, mas apenas industriais.
Apesar desta conclusão optou pela sua remoção e algum material ainda chegou a ser retirado no local.
No entanto, a autarquia considera que "o compromisso assumido não foi cumprido".
"Continuam depositadas a céu aberto toneladas de pirites e enxofre que poluem e contaminam terrenos e cursos de água, ao mesmo tempo que se mantêm os perigos para as populações com as crateras de enorme profundidade", acusa o texto autárquico.
Sustenta que depois da "operação mediática" que foi a retirada de alguns bidões, em Julho de 1999, "tudo continua na mesma".
A autarquia exige do Ministério do Ambiente o cumprimento das promessas feitas e a execução de um plano de ordenamento da zona envolvente da mina, tendo em vista a criação de um Museu Mineiro.
A estrutura museológica encontra-se em fase de estudo, envolvendo diversas entidades.
A Junta responsabiliza ainda o Governo pelo impasse no pagamento da dívida aos cerca de 190 ex-mineiros, que conseguiram ser considerados credores no processo de falência, que se arrasta há vários anos, mas que ainda não receberam os salários em atraso e indemnizações compensatórias a que têm direito.
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