Um projeto de sensibilização "Pelo direito de ir” e de mobilidade urbana para pessoas com necessidades especiais, bem como outro que visa a esterilização de animais abandonados, foram os vencedores do orçamento participativo da Junta de Vila Real.
O presidente da Associação de Paralisia Cerebral (APC) de Vila Real, Carlos Varela, afirmou hoje que “há muitos pontos complexos em relação à acessibilidade” naquela cidade.
O responsável referiu que todos os dias tropeça em “exemplos negativos”, como nos acessos a serviços públicos e, no âmbito privado, acessos a prédios de habitação, alguns de construção recente.
Situações que afetam quem anda de cadeira de rodas, para quem usa carrinho de bebé ou idosos com mobilidade reduzida.
Por isso, salientou que o objetivo do projeto “Pelo direito de ir” é alertar e "que, sobretudo, é a atitude que tem que mudar”.
“Às vezes a acessibilidade está lá, mas a atitude não está. Quantas vezes nós no dia a dia encontramos os lugares reservados a pessoas com necessidades especiais ocupados por quem não precisa?”, referiu.
Apontou ainda casos de restaurantes onde o espaço existente entre mesas não possibilita a circulação de uma cadeira de rodas.
Carlos Varela lembrou as mudanças positivas que se têm verificado na cidade, onde muitos passeios que eram muito estreitos “estão alegremente mais saudáveis”.
A APC quer alertar para as situações “mais complexas”, mas também quer ajudar e exemplificou com a “aquisição de uma rampa portátil” que pode ser disponibilizada para quem precisa.
O projeto proposto pela APC ficou em segundo lugar no orçamento participativo da Junta de Freguesia de Vila Real, e, pelo terceiro ano consecutivo, o maior número de votos foi dado à Plataforma Proanimal, uma organização sem fins lucrativos que ajuda animais de rua.
“Patinhas Abandonadas” visa a esterilização e desparasitação dos gatos e cães e o apoio a famílias carenciadas, a nível da alimentação ou tratamentos dos animais, uma situação que Helena Gomes disse que foi potenciada pela pandemia de covid-19.
A responsável pela Proanimal afirmou que a associação, que funciona apena à base do voluntariado, esterilizou este ano 361 animais, recolheu 280 animais da rua e potenciou 270 adoções.
“Se nós não ganhássemos este orçamento participativo íamos parar com as esterilizações em Vila Real. Precisámos deste dinheiro para podermos continuar a trabalhar para a comunidade e para os animais”, frisou.
O presidente da Junta de Vila Real, Francisco Rocha, disse que foram sete candidaturas a votação final na edição do orçamento participativo de 2021 e que foram validados 1.019 votos.
“São projetos da comunidade, gerados na própria comunidade e são para a comunidade e por isso é que eu acho que este exercício de participação tem que ser continuamente incentivado”, afirmou.
Francisco Rocha referiu que cada um dos vencedores vai receber 8.000 euros e adiantou que a autarquia quer reforçar a dotação na próxima edição do orçamento participativo.