Um novo movimento de cidadãos criado numa aldeia do concelho de Carrazeda de Ansiães quer juntar dez mil assinaturas para pedir a reabertura da Linha do Tua até Bragança.
Há dois dias que o Movimento de Cidadãos em Defesa da Linha do Tua está no terreno a recolher assinaturas e a angariar defensores para salvar a última ferrovia do Nordeste Transmontano, ameaçada pela barragem de Foz Tua.
O movimento nasceu na aldeia de Codeçais \"entre familiares, amigos e vizinhos\", como contou à Lusa a principal dinamizadora, Graciela Nunes. Os promotores acreditam que \"há financiamento europeu para preservar comboios históricos\" como o do Tua, \"só falta vontade\". \"Nós temos paisagens únicas que em países como a Suíça e Espanha são preservadas, enquanto nós deitamos aquilo que é bom fora\", considerou.
O novo movimento defende que \"a preservação da Linha do Tua pode trazer novo vigor à região\" e vai lutar não só para preservar os cerca de 60 quilómetros que restam entre Mirandela e o Tua mas também pela reabertura de Mirandela até Bragança, troço desactivado em 1992. Graciela Nunes espera poder entregar \"em meados de Setembro\", na Assembleia da República, as dez mil assinaturas com a pretensão do movimento. Até lá, em vez de recorrerem à Internet, os promotores preferem ir \"de terra em terra\" a angariar assinaturas e a distribuir dossiers com os motivos desta causa.
Acreditam que ainda é possível \"salvar a linha\" a poucas semanas de ser tomada a decisão política sobre a barragem que pode inundar os 16 quilómetros mais atractivos da ferrovia e do vale do Tua.
A esperança dos promotores do novo movimento assenta sobretudo na eventual intervenção da UNESCO no processo pelos impactos que a barragem possa ter no Alto Douro Vinhateiro, Património da Humanidade. Graciela Nunes acredita que o facto de a UNESCO poder desclassificar a zona se for afectada, pode influenciar a decisão sobre a barragem.
A linha faz parte da paisagem e da memória colectiva destas gentes que acreditam que a sua \"voz também tem importância\".