Tratou-se de um "corte cultural" que visava "retirar as árvores tortas, danificadas e sem futuro", explicou ao Semanário TRANSMONTANO Germinal Rodrigues, actual vice-presidente da Câmara Municipal de Ribeira de Pena e um dos responsáveis pela elaboração do plano, na Dradm. Segundo o engenheiro, os cortes não serão feitos apenas em Lamas. Favaios e Alvadia também sofrerão alguns destes "cortes". No entanto, apenas a população de Lamas se revoltou.
"São politiquices", afirma Germinal Rodrigues, "porque os populares pretendem criar, naquele local, um Conselho de Baldios independente do que existe na sede da freguesia, e apenas meia-dúzia de pessoas estiveram contra o corte".
Apesar disso, deslocaram-se ao local vários elementos da GNR dos postos de Cerva, Peso da Régua, Vila Real, Ribeira de Pena e Vila Pouca de Aguiar, assim como dois binómios (homem/cão) da GNR de Peso da Régua. Os ânimos das poucas pessoas que ali se deslocaram exaltaram-se quando se iniciou o processo do corte. No entanto, "nada que não pudesse ser controlado", afirmou ao Semanário TRANSMONTANO uma fonte da GNR de Cerva.
"Os planos de corte são previamente estabelecidos e são executados todos os anos", lembrou Germinal Rodrigues. "Sempre conversámos com os conselhos directivos dos baldios e não impomos nada a ninguém", acrescentou. Este "corte cultural" servirá para "aliviar as árvores novas que se encontram em bom estado" e, por isso, Germinal Rodrigues não percebe a revolta de "meia-dúzia de pessoas de Lamas".
Agostinho Carvalho é um dos habitantes da aldeia que se sente "revoltado" com este corte de árvores. Confessou que já esteve "em perigo de vida" quando tentava salvar aquelas árvores de um fogo, "e agora cortam-nas": Por isso, garante, "pode o fogo queimá-las que não farei mais nada para as salvar". Este habitante de Lamas está inconsolável e adianta que serão os habitantes quem irá sofrer com a falta de sombras quando guardarem as suas cabras nestes montes.
As madeiras cortadas, cerca de 300 m³, foram vendidas em hasta pública e, segundo garantiu Germinal Rodrigues, "o madeireiro que as comprou, já as pagou".