Uma falha administrativa obrigou à anulação do concurso para diretor do Museu Abade de Baçal, em Bragança, e a abrir novo procedimento, publicado hoje em Diário da República.
Fonte ligada ao processo explicou à Lusa que a abertura do anterior concurso não foi publicitada, como obriga a lei, na Bolsa de Emprego Público (BEP), argumento que um dos candidatos usou para contestar o mesmo.
A tutela decidiu avançar com novo processo de seleção e manter à frente do museu, mas nomeado em regime de substituição, Jorge da Costa, o vencedor do anterior concurso, que tomou posse em outubro.
Ambos os despachos da Direção Regional de Cultura do Norte foram publicados hoje em Diário da República.
O concurso para diretor está aberto “pelo prazo de 30 dias úteis” para uma comissão de serviço de três anos como direto do Museu Abade de Baçal e da Domus Municipalis, um monumento da zona histórica de Bragança, único na Península Ibérica.
No texto do anúncio do concurso é indicado que, além do Diário da República, “o procedimento concursal será ainda publicitado na Bolsa de Emprego Público (www.bep.gov.pt), na página eletrónica da DRCN (www.culturanorte.gov.pt), nas línguas portuguesa e inglesa, bem como nos órgãos de comunicação e expansão nacional e internacional”.
O diretor que tomou posse, em outubro, Jorge da Costa, esteve 14 anos à frente do Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança, e ganhou o concurso público para o Museu Abade de Baçal com mais de 19 valores em 20.
O museu foi criado em 1915 e recebeu o nome do fundador, o Abade de Baçal, figura de destaque na cultura transmontana pela recolha arqueológica e etnográfica que fez no Nordeste Transmontano e que constitui o núcleo principal.
O mais emblemático museu de Bragança começou por se designar Museu Regional de Obras de Arte, Peças Arqueológicas e Numismática de Bragança e 20 anos depois foi rebatizado com o nome do Abade de Baçal, que foi diretor daquele espaço até 1935.
O Abade de Baçal morreu aos 82 anos, em 1947, foi um homem da Igreja, mas é descrito como “sobretudo um homem erudito, humanista, transmontano, um grande investigador que sempre se debruçou e se baseou em bibliografia especializada, em documentos originais".
Ele próprio deixou um legado para a história do Nordeste Transmontano com os seus apontamentos arqueológicos reunidos em 12 tomos das memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança, além de outras obras publicadas.
No Museu Regional Abade de Baçal ainda hoje pode ser vista a arqueologia que recolheu pela região e catalogou, desde as telas funerárias, aos marcos, esculturas zoomórficas, epigrafia funerária ou numismática.
Este espaço, além do legado do Abade, guarda uma coleção única de desenhos de Almada Negreiros, oferece diferentes exposições temporárias, e a exposição permanente com um acervo desde a pintura ao desenho, retábulos ou um teto pintado proveniente da igreja dos jesuítas.