O Centro Social Nossa Senhora do Extremo, em Vila Pouca de Aguiar, investiu 1,8 milhões de euros num lar que está a ajudar a dar resposta a utentes que estavam em internamento social em hospitais do Norte.

“Os casos encaminhados para a instituição são considerados sociais, com critérios para alta hospitalar. Eles estão a ser referenciados pelos hospitais”, afirmou hoje a diretora técnica do lar Padre Manuel do Couto, Ana Pinto.

O lar entrou em funcionamento em fevereiro e, em abril, começou a receber utentes provenientes dos centros hospitalares do Tâmega e Sousa, do Porto e de Trás-os-Montes e Alto Douro.

A responsável disse que a maioria destas pessoas “não tem retaguarda familiar”, depois há outras situações relacionadas com “os rendimentos das famílias” ou em que as “famílias não têm condições para cuidar da pessoa em casa”.

“O processo de adaptação foi um pouco difícil, não foi só a questão da instituição em si, mas foi outra realidade territorial para as pessoas que estamos a acolher”, salientou, apontando, no entanto, que a maioria se “está adaptar bem e querem ficar aqui”.

Ana Pinto destacou a “questão do isolamento e da solidão”. “Muitos deles estão conscientes e sentem falta da família”, referiu.

No edifício não há escadas, as salas e quartos são amplos, alguns individuais, e a propriedade possui ainda uma horta que contribui para diminuir as despesas e, onde, os utentes podem ir ajudar.

O presidente do centro social, Manuel Borges Machado, explicou que o edifício, inicialmente projetado para ser uma Estrutura Residencial para Pessoas com Deficiência, acabou por ser reconvertido num lar de idosos devido à falta de comparticipação por parte do Estado.

A obra foi feita com verbas próprias e recurso a um empréstimo, num investimento total de 1,8 milhões de euros.

Segundo Borges Machado, este lar acolhe, atualmente, 30 utentes, dos quais 15 ao abrigo da portaria 38-A/2023, de 02 de fevereiro.

Esta portaria, conjunta dos ministérios do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e do da Saúde, estabelece os termos e condições em que é efetuada a articulação interinstitucional, para efeitos de referenciação e acompanhamento de pessoas que, por motivos sociais, permanecem internadas após a alta clínica, em hospital do Serviço Nacional de Saúde (SNS), através do recurso a um acolhimento temporário e transitório em resposta social.

“É uma solução que é inteligente, já devia ter sido feita há mais tempo”, salientou Borges Machado, que referiu, no entanto, que a vinda destas pessoas obriga a instituição a ter mais recursos humanos, nomeadamente ligados à saúde, ou seja enfermeiros e um médico.

O acordo é por um período de dois anos, a comparticipação é de 1.400 euros por utente, com exceção da medicação, cujo apoio ainda “não chegou” e tem sido paga pela instituição.

Nos dois lares que possui agora, o Centro Social Nossa Senhora do Extremo tem um total de 52 utentes, 18 utentes ao abrigo da portaria, e 56 trabalhadores.

Dados do sétimo Barómetro de Internamentos Sociais, revelados na semana passada, mostram que, em março, estavam internadas de forma inapropriada no Serviço Nacional de Saúde (SNS) 1.675 pessoas, o que se traduz num aumento de 60% face ao mesmo mês de 2022, quando totalizavam 1.048.



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