O presidente do PSD lamentou hoje que o PS “conviva mal” com o “espírito crítico” de Cavaco Silva e que autarcas do PS, concretamente Luísa Salgueiro, não tenham tido “a humildade” de ouvir as críticas do ex-Presidente da República.
“Lamentamos profundamente que o PS conviva mal com o espírito crítico de alguém que tem no seu percurso a responsabilidade de ter governado o país 10 anos e depois ter sido Presidente da República outros 10. É o político português mais escrutinado no sentido de ser escolhido pela população portuguesa desde o 25 de abril”, afirmou Luís Montenegro, que falava em Vila Real, à margem das jornadas “Construir a Alternativa".”
Nas suas declarações, o líder do PSD referia-se à conferência que decorreu no sábado e assinalou os 30 anos do Programa Especial de Realojamento (PER), uma iniciativa da Câmara de Lisboa e na qual foram ouvidas duras críticas feitas pelo antigo Presidente da República em relação ao novo programa “Mais Habitação” e à atuação do Governo socialista liderado por António Costa.
Durante o discurso de Cavaco Silva, autarcas do PS, designadamente a presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Luísa Salgueiro, saíram da sala.
“E é muito sintomático que o PS reaja mal e que, mesmo na própria sessão onde tive a ocasião de estar presente, os autarcas do PS e, em particular a presidente da ANMP, não tenha tido a humildade de ouvir as críticas ao Governo”,
Ainda por cima, acrescentou, “tratando-se da presidente de uma Associação dos Municípios que contempla naturalmente presidentes de câmara municipal do partido dela, mas também do PSD, do PCP, de todas as forças políticas e até de cidadãos e grupos independentes, não tenha, enfim, o respeito e a humildade de ouvir aquelas que são considerações legítimas, mesmo que ela discorde delas, do senhor Presidente Aníbal Cavaco Silva”.
Já dentro da sala, no seu discurso perante os militantes transmontanos, Luís Montenegro voltou ao assunto e acusou os socialistas de falta de “fair-play democrático”.
“Para o presidente do PSD, esta atitude “demonstra aliás uma forma de estar que, infelizmente, o PS vem incutindo no país que é demasiado tribal no que diz respeito à convivência democrática entre forças políticas”.
Não é por nós sermos de partidos diferentes que nós devemos, pura e simplesmente, desrespeitar os outros. Ainda agora teci aqui rasgados e merecidos elogios a uma figura do país que era militante do PS, o comendador Rui Nabeiro, e não me caíam os parentes na lama por isso. Lamento profundamente que o PS não tenha a mesma postura perante considerações que são feitas por pessoas de outro espaço político”, salientou.
O presidente social-democrata reiterou que “evidentemente” o PSD acompanha “as considerações que ontem (sábado) foram feitas pelo senhor presidente Cavaco Silva”.