A presidente da Câmara de Mirandela afirmou hoje que já foram retiradas cerca de três mil toneladas de resíduos do complexo do Cachão e que até ao final do ano estará concluída a meta inicial de quatro mil.
A operação de remoção dos lixos deixados por dois incêndios, há cinco anos, começou em outubro com a previsão inicial da existência de quatro mil toneladas e da conclusão da remoção no final do ano.
Os responsáveis acreditam que estas previsões serão cumpridas, porém no decorrer da limpeza foram surpreendidos com uma quantidade de resíduos superior em mil toneladas à prevista, conforme consta de um relatório a que a Lusa teve acesso.
Este imprevisto acrescerá mais de 66 mil euros aos 265 mil da empreitada em curso e que farão parte de uma candidatura a um reforço de mais 200 mil euros do financiamento do Fundo Ambiental para a segunda fase correspondente à requalificação dos espaços afetados pelos incêndios.
As câmaras de Mirandela e Vila Flor, no distrito de Bragança, são as acionistas da Agro Industrial do Nordeste (AIN), a sociedade que gere o antigo complexo do Cachão, onde a empresa Mirapapel, de Mirandela, armazenou durante anos papel e plástico prensado, em vários pavilhões industriais.
A situação foi contestada pela população da aldeia que dá nome ao complexo e ganhou visibilidade depois dos incêndios de 2013 e 2014, em que os resíduos arderam durante vários dias e permaneceram no local queimados e os armazéns destruídos pelas chamas, durante cinco anos.
A empresa não tinha licença para armazenar os resíduos no local e chegou a ser multada, mas o tribunal reverteu a penalização.
Alegou depois não ter condições financeiras para a remoção dos resíduos e as câmaras substituíram-se à empresa, conseguindo financiamento do Fundo Ambiental para a operação de limpeza que decorre há menos de dois meses.
"Estamos praticamente a chegar às três mil toneladas. O que é previsível é que até ao final do ano nós consigamos as quatro mil toneladas previstas", disse à Lusa a presidente da Câmara de Mirandela, Júlia Rodrigues.
Para 2019 ficará a outra fase da operação relativa à retirada dos resíduos que ainda restarem e à remoção dos escombros dos edifícios afetados pelos fogos.
"As paredes que ficaram têm um certo risco de derrocada e aquilo que nós pretendemos fazer é demolir essas paredes, porque está em causa a segurança das pessoas e a requalificação total do próprio complexo", concretizou a autarca.
Júlia Rodrigues sublinhou ainda a importância do complexo ficar "dotado de características de salubridade para a instalação de empresas".
"Só conseguimos se de facto as próprias instalações e infraestruturas estiverem em condições de acolher as empresas, do ramo alimentar especialmente", acrescentou.
O valor previsto para a próxima intervenção ultrapassa os 200 mil euros e já foi dado conta ao Fundo Ambiental das necessidades detetadas com as especificações das mesmas.
Num relatório com o ponto de situação da operação de limpeza, a administração da AIN dá conta de que os trabalhos em curso estão a decorrer conforme o previsto, mas acrescenta as novas "preocupações".
Em primeiro lugar, "sob as camadas superficiais de resíduos surgiram grandes blocos de plástico derretido, resultado dos incêndios, de grande densidade e que agravam o peso final", sendo "muito provável um aumento da quantidade a remover em 1.000 toneladas, o que se traduz num custo adicional de 66.450 euros".
Para a posterior demolição das construções ardidas em risco de ruína estima-se, no relatório, um custo adicional de 100 mil euros a que acrescem quase 50 mil euros da remoção de alguns resíduos feita numa fase inicial de emergência para minimizar os impactos ambientas para as populações e empresas.
Estes valores constarão da candidatura que os responsáveis pretendem formalizar, em 2019, para um reforço dos montantes de financiamento do protocolo já estabelecido com o Fundo Ambiental.