A Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ACLM) anunciou hoje a criação de um roteiro sobre a obra e o pensamento de nove autores ligados à salvaguarda e à promoção desta língua, para o qual estima um investimento de 500 mil euros.
"O financiamento de meio milhão de euros ainda não foi totalmente garantido pela ACLM, que procura agora parcerias de longo prazo que se associem aos projetos propostos e que ajudem a viabilizá-los, num espaço de cinco anos", indica um documento da associação, enviado à agência Lusa.
De acordo com este documento, o proposto para esse investimento assenta em quatro pilares: documentação, incentivos à manutenção do número de falantes ativos, aumento da visibilidade da língua e da cultura mirandesas e criação de emprego.
Os objetivos do Roteiro para a Língua Mirandesa passam por apresentar um caminho para o futuro desta língua, ajudar a combater o esvaziamento demográfico, na região, e a criar emprego qualificado no Planalto Mirandês.
"Num quadro negro, em que a própria sobrevivência da 'lhéngua' (língua) é dada como seriamente ameaçada, são apresentadas propostas concretas para inverter esse rumo", indicam os investigadores, no documento enviado à agência Lusa.
Uma dessas propostas, começa por apresentar uma retrospetiva e por fazer um diagnóstico para tentar inverter o êxodo demográfico.
A falta de incentivos ao uso do mirandês e a inexistência de recursos para o seu ensino e promoção são apontados também como os principais obstáculos a ultrapassar, para que a língua mirandesa e a cultura possam ser "elementos-chave para o futuro da Terra de Miranda".
"Até agora reunimo-nos com várias instituições públicas e privadas, tendo conseguido apoios" de algumas e, de outras, "esperando ainda a análise das nossas propostas", indica a ACLM.
"Temos mais reuniões planeadas para as próximas semanas", afirma fonte da direção da associação, que acrescenta: "São projetos já muito bem estruturados e planeados e perfeitamente exequíveis, pensados para ter efeito multiplicador, numa lógica de crescimento orgânico e sustentável".
De forma sumária, o diploma em causa, dividido em quatro partes, contextualiza a situação atual da língua mirandesa e enquadra-a numa visão estratégica para a Terra de Miranda. Delineia um roteiro para a proteção e o desenvolvimento do mirandês a longo prazo e identifica e descreve os projetos mais urgentes e exequíveis para levar a cabo esse roteiro, nos próximos três a cinco anos.
Já em jeito de conclusão, o documento aponta que o mirandês é o nome dado às variedades linguísticas de origem 'asturo-leonesa', faladas na Terra de Miranda, território histórico do nordeste de Portugal, que abarca os concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro, e pela sua diáspora, espalhada pelo mundo.
"Apesar de ser conhecido pela ciência há mais de 150 anos, o mirandês continua hoje muito deficitariamente estudado e documentado, sem dados em áudio e vídeo disponíveis, sem gramáticas, dicionários ou manuais escolares convenientemente desenvolvidos", observa este conjunto de nove investigadores, que assinam o roteiro da associação.
Para estes investigadores, "a recolha sistemática de dados linguísticos e culturais e sua disponibilização devem ser o objetivo prioritário, atendendo ao seu efeito multiplicador para as iniciativas de valorização do património e para a investigação".
Esta associação pretende, igualmente, aumentar o número de falantes de língua mirandesa, justificando que "as línguas não morrem, os seus falantes simplesmente deixam de as usar".
A ALCM é uma instituição sem fins lucrativos com estatuto de utilidade pública cujos objetivos são a proteção e o desenvolvimento da língua da cultura da Terra de Miranda.
Esta associação tem cerca ALCM tem cerca de vinte anos de existência e aproximadamente 200 sócios, distribuídos pela Terra de Miranda e um pouco por todo o mundo.
O documento será objeto de debate no Dia da Língua Mirandesa, que será assinado no sábado com um conjunto de iniciativas.
Deste documento podemos destapar um bocadinho
ADONDE STAMOS, L QUE FETURAMOS
Mirandés ye l nome dado a la fala d’ourige stur-lhionesa falada na Tierra de Miranda, território stórico de l nordeste de Pertual de que fázen parte ls cunceilhos de Miranda, de la Bila i de Mogadouro, i tamien pula diáspora mirandesa, spargida pul mundo. L númaro de falantes ye çcuincido, mas andará antre 3 000 i 15 000, cunsante seia l ámbito territorial i la cumpeténcia lhenguística que debemos de tener an cuonta.
O MIRANDÊS: SITUAÇÃO ATUAL E VISÃO ESTRATÉGICA
Mirandês é o nome dado às variedades linguísticas de origem astur-leonesa faladas na Terra de Miranda, território histórico do nordeste de Portugal que abarca os concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro, e pela sua diáspora, espalhada pelo mundo. Há estimativas muito variadas do seu número de falantes, entre 3000 e 15 000, dependendo do âmbito territorial e da competência linguística tidos em conta.
ALCM – Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa
Nota d’amprensa
«La lhéngua mirandesa deberie de ser l ambestimiento regional prioritairo»
Apersentar un camino pal feturo de la lhéngua mirandesa, ajudar a lhuitar acontra l cuntino sbaziar demográfico de l Praino i eiqui criar amprego qualeficado son ls oubjetibos de ls Carreirones pa la Nuossa Lhéngua, salido hoije. Nun quadro negro, an que la própia suobrebibéncia de la lhéngua ye dada cumo «seriamente amanaciada», son apersentadas prepuostas cuncretas para rebirar esse camino.
L decumiento saliu hoije an mirandés, pertués i anglés por mano de la Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa i ajunta l pensat de nuobe outores apegados al resguardo i a la promoçon de la lhéngua mirandesa. Ampeça por apersentar un mirar atrás i por fazer un diagnóstico. «salida de pessonas, falta de ajudas al uso i nun haber recursos pal ansino i pa la promoçon» son apuntados cumo las prancipales talanqueiras a saltar para que la lhéngua mirandesa i la cultura puodan ser «pica-puortas pal feturo de la Tierra de Miranda», dezindo mesmo que «deben de ser ls purmeiros antes de todo i qualquiera outro ambestimiento stratégico na Tierra de Miranda».
L squiço prepuosto para esse ambestimiento assenta an quatro fincones: decumentaçon, ajudas a la mantenéncia de l númaro de falantes rigulares, alhargar la besiblidade de la lhéngua i de la cultura, criaçon de ampregos. L decumiento aclareia cada un de ls fincones i apersenta un plano de zambuolbimiento cun eideias citres, no balor de meio melhon de ouros, para cumprir an cinco anhos. L financiamiento inda nun fui cunseguido por anteiro i la Associaçon busca agora «parceiros a lhargo tiempo» que se quergan ajuntar a estes porjetos i que deian upas a la sue cuncretizaçon.
«Até hoije tubimos reuniones cun dalguas anstituiçones públicas i pribadas, tenendo cunseguido dalguas ajudas i doutras aguardando l studo de las nuossas prepuostas. Tenemos más reuniones porgramadas pa las semanas que bénen», diç fuonte de la Direçon de la ALCM. «Son porjetos yá mui bien traçados i planeados i cumpletmente fazibles, pensados para tener un eifeito multeplicador, mas nua lógica de crecimiento ourgánico i sustenible».
Mirandés ne l Diário de la República
La Associaçon, que ne l sábado que ben assinala l Die de la Lhéngua Mirandesa (celebrada ne l solstício de berano) cun la ourganizaçon de la III Jornada de Lhéngua i Cultura Mirandesa “Amadeu Ferreira” nun cungresso birtual, biu hai poucos dies reconhecido l statuto de outelidade pública por çpacho de la Presidéncia de l Cunceilho de Menistros publicado ne l Diário de la República tamien an mirandés, algo único. «Ye para tener muita proua por bias de dues cousas, pul reconhecimiento de l nuosso trabalho i pul respeito dado a la lhéngua puls nuossos gobernantes», diç prouista la fuonte de la Direçon de la Associaçon. L próprio Secretário de Stado André Moz Caldas, respunsable pula publicaçon, dou cuonta disto na sue parede de l Facebook, tenendo merecido agabones de bários outros membros de l Goberno.