Flávio Morais formou-se em Relações Internacionais em 2008/09, mas ainda não lhe surgiu qualquer oferta.

Quando há quatro anos decidiu enveredar pela licenciatura em Línguas e Relações Internacionais da Escola Superior de Educação de Bragança, Flávio Morais, 21 anos, estava longe de imaginar que uma carreira naquela área seria tão difícil. Quando se inscreveu, fê-lo a pensar no futuro, \"para ter uma entrada mais facilitada no mercado de trabalho\", confessa. Gostava mais da área do Desporto, mas julgou que seria difícil conseguir emprego e, por esse motivo, optou pelas Relações Internacionais. Em termos de saídas profissionais, a escolha está a revelar-se uma decepção. Também já constatou que será quase impossível conseguir o primeiro emprego na região, e que se quiser trabalhar em Relações Internacionais terá forçosamente de partir.

Mal terminou o curso em 2008/9, inscreveu-se no centro de emprego na tentativa de arranjar trabalho, mas até agora não apareceu nada e na altura da inscrição foi logo informado de que é uma área complicada e que na região transmontana não há ofertas. \"Disseram-me que ali dificilmente poderia arranjar algo e que seria melhor ser eu próprio a esforçar-me para conseguir, enviando currículos e sugerindo estágios profissionais às empresas\", contou o jovem. Já enviou dezenas de currículos. Sem sucesso. \"Algumas entidades nem se dignam a responder, outras respondem dizendo que de momento não há nada\", admitiu Flávio Morais.

Para atenuar a dependência dos pais, com quem ainda vive, arranjou umas horas a leccionar Inglês no âmbito das Actividades Extra-Curriculares em aldeias do concelho de Vila Real, a cerca de 140 km de Bragança. \"Estou em condições precárias, trabalho oito horas semanais, a recibos verdes\", explicou, acrescentando que só aceitou \"para ter algum tempo ocupado, para tentar atenuar um pouco a dependência económica que tenho dos meus pais, e para tentar ter experiência em alguma coisa\".

Flávio Morais considera que no final do ensino secundário existe uma falha no sistema, uma vez que os alunos não têm acompanhamento nem informações sobre os cursos e as instituições disponíveis. \"Era um aspecto a melhorar, as universidades e institutos politécnicos deviam ser mais abertos, e serem eles próprios a divulgarem nas escolas secundárias os cursos e as saídas profissionais associadas\".



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