Um jovem casal de emigrantes na Suíça quer encerrar um bar conotado com a prática de alterne e de prostituição existente na pequena vila de Salto, em Montalegre. O caso não é para menos. O bar funciona precisamente na cave do prédio onde, há anos, Abel Martins e a mulher compraram um apartamento. Mas onde, agora, dizem ser impossível viver, por causa do barulho decorrente da actividade do \"Manos Bar\".
Aliás, o casal chegou a regressar a Salto definitivamente, para explorar um café local. Porém, há algum tempo decidiu regressar à Suíça. \"Não conseguiram aguentar. Os miúdos (os dois filhos) andavam sempre cheios de sono, por causa de não poderem dormir com o barulho\", contou, ao JN, um irmão de Abel, José Martins.
Mas jovem casal parece não estar sozinho na luta. Pelo menos, a avaliar por um abaixo-assinado com cerca de 300 assinaturas, homens e mulheres que, supostamente, terão aderido à causa. O documento já seguiu para o Governo Civil de Vila Real, para o presidente da República, para o ministro da Administração Interna, bem como para o comando geral da GNR. A acompanhar o abaixo-assinado, Abel Martins enviou, também, uma carta, onde apela ao \"máximo empenhamento\" dos titulares dos cargos para a resolução do problema, que, no seu entendimento, passa pelo encerramento do bar. Por sua vez, na introdução do abaixo-assinado, o dono do apartamento, argumenta que o dito bar \"atrai à freguesia prostitutas das mais variadas zonas do país\" e queixa-se de \"barulho até altas horas da madrugada, que não permite que os moradores das zonas adjacentes descansem condignamente\".
Contudo, apesar do elevado número de assinaturas, em Salto, também não faltam adeptos do funcionamento do \"Manos Bar\". \"Eu só assinava [o abaixo-assinado] se fosse para virem mais [mulheres], dizia, ao JN, um indivíduo num café, onde, a meio da manhã, a dona e a filha eram as únicas presenças femininas. \"Haja divertimento! Eu até gosto de ver as brasucas a andarem por aí! Aquilo não estorva nada\", sentenciava, por sua vez, outro homem, que questionava a veracidade das assinaturas.
Para a dona do café, há dois tipos de opiniões na vila. \"Se perguntar às velhotas, já sabe! Vão dizer que é uma pouca vergonha... Se perguntar a estas pessoas mais novas, dizem-lhe que só lá vai quem quer \". O JN não conseguiu em tempo útil ouvir o dono do Manos Bar, com licença de utilização para discoteca.