O município de Macedo de Cavaleiros vai investir 1,1 milhões de euros em contadores inteligentes, mais uma medida para reduzir as perdas de água no concelho que já esteve no topo do desperdício nacional, informou hoje a autarquia.

O município do distrito de Bragança vai substituir 4.300 contadores de água “por equipamentos mais modernos, dotados de telemetria”, que permitem “medir em tempo real o consumo de água doméstico”.

O projeto, que a autarquia apresenta como “inovador a nível nacional, permite a recolha e centralização dos dados, com recurso a um ´software` pioneiro, sem necessidade de deslocação de técnicos ao terreno para receber as leituras”.

A substituição dos contadores “vai prolongar-se pelos próximos seis meses e está inserida num projeto mais alargado de redução significativa das perdas de água e, simultaneamente, diminuição do volume consumido e não faturado”.

“São milhões de euros que, todos os anos, o município deita literalmente pelo cano, por falta de condições para fazer esta monitorização em tempo real”, de acordo com o vice-presidente da Câmara de Macedo de Cavaleiros, Rui Vilarinho.

A iniciativa está integrada no plano de ação de combate às fugas de água que foi iniciado em 2021 e que contempla outras medidas já em curso, como o início da substituição das condutas de abastecimento de água.

Esta empreitada de um milhão de euros, anunciada em julho, abrange as quatro aldeias com maiores problemas no concelho nomeadamente Castelãos, Amendoeira, Vale da Porca e Cortiços.

Macedo de Cavaleiros foi apontado, durante vários anos, como o que mais perdas de água registava em Portugal e só no relatório de 2020 da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR) é que deixou de liderar este ‘ranking’.

De acordo com Rui Vilarinho, “o concelho passou de perdas de água na ordem dos 84%, em 2016 e 2017, para valores de 68%, em 2020”.

A aposta da autarquia é “no final deste ano reduzir estes valores para níveis abaixo dos 60%”, num concelho onde a rede é “muito antiga” e “durante décadas não foi alvo de qualquer investimento de modernização”.

Para reduzir as perdas de água e roturas na rede, a autarquia tem vindo a realizar, nos últimos cinco anos, “um trabalho sustentado na monitorização de toda a rede de abastecimento”.

O próximo passo será a instalação dos contadores inteligentes que, segundo o município, se distinguem de outros já em funcionamento noutras zonas do país.

“Aqui temos uma recolha e centralização em tempo real, sem necessidade de irem técnicos ao terreno para fazer a recolha ou fazer a leitura dos contadores. Trata-se de um projeto integrado, que reúne todas as etapas de monitorização do consumo, recolha dos dados e centralização das informações, algo que, tanto quanto sabemos, não se faz em mais nenhum município português”, concretizou o autarca.

Esta monitorização permite “detetar, em tempo real, consumos anormais de água num determinado ponto do concelho, face ao que é a média de consumo, o município recebe um alerta e pode, de imediato, ativar uma equipa de técnicos para inspecionar o local e perceber se está em causa uma rutura na rede ou, eventualmente, um furto de água”.

O vice-presidente destaca que, “graças ao trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no último ano, já foi possível detetar algumas situações de consumos abusivos, que imediatamente são interrompidos e comunicados às autoridades competentes”.

“O município tem um problema, conhecido, de desperdício de água por ruturas na rede e roubos de água, porém, com todo este trabalho, temos vindo progressivamente a reduzir esses valores, com poupanças consideráveis”, acrescentou.



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