Os operadores turísticos filipinos vão organizar viagens que aliam o fervor religioso daquele povo ao navegador Fernão de Magalhães, unindo Fátima ao concelho transmontano de Sabrosa, onde esperam trazer cerca de 5 mil turistas no próximo ano.
Exequiel Sabarillo, administrador do maior operador turístico das Filipinas, terminou hoje uma visita de prospecção ao Douro.
Em conferência de imprensa, realizada em Vila Real, o responsável disse que quer trazer ao Douro, já no próximo ano, cerca de cinco mil turistas filipinos.
Para o efeito está a preparar uma estratégia de promoção da região duriense, centrada na figura do navegador Fernão Magalhães e nos socalcos durienses que diz serem idênticos aos terraços dos arrozais, em Bananue.
O turismo filipino é de índole muito religiosa, a maior parte da população é católica, e por isso muitas das viagens organizadas pelos operadores trazem os turistas a Lisboa e a Fátima.
Mas, segundo acrescentou, o povo filipino é também um admirador incondicional de Fernão de Magalhães, que foi morto na ilha de Cebu (parte do arquipélago das Filipinas).
Por isso, a ideia de Exequiel Sabarillo é acrescentar aos destinos turísticos o Norte de Portugal, nomeadamente Sabrosa, concelho que reivindica ser a terra natal de Fernão de Magalhães, o navegador responsável por um dos maiores acontecimentos históricos, a primeira viagem de circum-navegação.
Deste concelho transmontano, os turistas Filipinos poderão partir em visita aos socalcos durienses ou aos locais de religiosidade mariana, como ao Santuário da Senhora dos Remédios (Lamego), provar os vinhos ou a gastronomia local.
Quem já manifestou todo o seu apoio ao projecto foi o presidente da Entidade Regional Turismo do Douro, António Martinho, que salientou estar a promover uma «política de atracção de novos turistas» ao território duriense.
Na génese da ligação das Filipinas ao Douro está o presidente da Câmara de Sabrosa, José Marques, que há cerca de dois anos está a dar passos para um intercâmbio cultural, económico e turístico com as Filipinas.
Neste país asiático habitam 90 milhões de habitantes, 20 por cento dos quais, segundo o autarca, são «muito ricos», estando ainda espalhados pela Europa mais 500 mil e três milhões nos Estados Unidos da América.
A Câmara de Sabrosa quer também aproveitar o nome de Fernão Magalhães para promover os produtos do Douro, nomeadamente o vinho, na Ásia, tendo como ponto de partida as Filipinas descobertas pelo navegador português há 488 anos.
Para o efeito, A Associação Sabrosa Douro XXI, vai participar numa feira que decorre dentro de duas semanas naquele país, com o intuito de dar a conhecer os vinhos do Douro e Porto.
José Marques quer que as Filipinas funcionem como um «ponto de partida para entrar no mercado asiático e em todos os países ligados pela circum-navegação de Magalhães».
Para homenagear e dar a conhecer aquele «grande» navegador português, a autarquia quer construir o Centro de Interpretação Fernão Magalhães, um projecto que está a ser preparado pela Ordem dos Arqueitectos e poderá custar cerca de um milhão de euros.
O centro pretende ser «um espaço de encontro» entre as comunidades «tocadas» pela circum-navegação, designadamente os países europeus que contribuíram com tripulação e aqueles por onde passou Fernão de Magalhães, nomeadamente Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Filipinas.
Segundo José Marques, o objectivo é usar a tecnologia para criar um «centro de sensações e percepções», estando ainda previsto um «simulador onde será possível sentir o que é estar numa nau em pleno oceano».