A população do Nordeste Transmontano está a produzir mais lixo nos últimos dois anos, o que os responsáveis pelo setor atribuíram hoje a maior poder de compra e consideram revelador da recuperação económica.

As entidades oficiais, como a Agência Europeia do Ambiente, associam o poder de compra e consumo à produção de resíduos e às variações consoante a conjuntura é de crise ou de expansão económica, como esclareceu Paulo Praça, diretor da Resíduos do Nordeste.

A empresa intermunicipal que gere todo o sistema de resíduos nos 12 concelhos do distrito de Bragança e Vila Nova de Foz Côa, na Guarda, chegou a tratar anualmente, nos tempos áureos, 58 mil toneladas de lixo anualmente, que caíram para 51.500 nos anos do pico da crise e cresceram para 53 mil, em 2015 e 2016.

"É um aumento ainda ligeiro", como observou o diretor da Resíduos do Nordeste, porém relevante numa região que continua a perder população e que não tem o peso do Turismo que influencia estes números noutras zonas do país.

No fundo, como resumiu o que revelam as estatísticas dos resíduos é que quanto mais poder de compra, mais poder aquisitivo das famílias, mais consumo, mais lixo.

"O desejável era dissociar uma coisa da outra, que as pessoas adotassem comportamentos ambientais independentemente das disponibilidades financeiras, mas a verdade é que os números europeus e mundiais apontam sempre nesse sentido", afirmou.

A aposta imediata da empresa intermunicipal é incentivar a recolha seletiva, que está a aumentar, mas que se pretende a "um ritmo mais rápido".

Para o efeito, vão ser adquiridos mais 200 ecopontos para juntar aos cerca de 600 espalhados por toda a região.

O responsável recordou que, mesmo não sendo feita a separação pelos cidadãos nas suas casas, "nenhuma tonelada de resíduos na região é depositada diretamente no aterro sanitário".

"É feita antes (naquele equipamento) a seleção dos resíduos, o que contribuiu no último ano para desviar dez mil toneladas de recicláveis de aterro no conjunto de 53 mil toneladas de produção anual de resíduos", concretizou.

Paulo Praça falava à margem de uma sessão de apresentação de quatro novas viaturas para recolha e limpeza de ruas nos concelhos da Terra fria Transmontana, resultado de um investimento de 600 mil euros.

A aquisição e renovação da frota com um total de cerca 30 viaturas em toda a região é uma obrigação contratual das empresas que prestam serviços à Resíduos do Nordeste, como a Ferrovial o faz há sete anos nos concelhos da Terra Fria.

As novas viaturas vão substituir outras mais antigas com a garantia de corresponderem a "um conceito cada vez mais ecológico, mais amigas do ambiente, com menos emissões de CO2".

Em próximos concursos para aquisições diretas ou indiretas, a Resíduos do Nordeste anunciou que os "parâmetros ambientais" serão uma exigência, estando prevista proximamente a aquisição de um camião a gás natural e, no futuro de viaturas híbridas ou elétricas.

A Resíduos do Nordeste tem um volume de negócios anual de sete milhões de euros, com 250 pessoas a trabalharem diretamente todos os dias para a recolha e limpeza urbana.

No ano em que se comemoram duas décadas do início do encerramento das lixeiras, Paula Praça referiu-se "à evolução muito significativa" nesta área e na região.

O Nordeste Transmontano foi o primeiro no país a juntar vários municípios num sistema único de aterro, recolha e tratamento de resíduos.



PARTILHAR:

Torre de Moncorvo vai regressar à Idade Média

Trás-os-Montes sem resposta para vítimas de violência doméstica