Diogo é filho de um bancário nascido em Lisboa, mas, graças às origens familiares da mãe (cujos pais são transmontanos, mas que também nasceu na capital e lá viveu até aos 29 anos), veio ao Mundo no centro hospitalar de Vila Real e Peso da Régua e é cidadão de Provesende, no município de Sabrosa.
Vive perto dos avós maternos, numa casa que os pais mandaram construir, após, há três anos, terem decidido abandonar a capital e \"apostar numa vida com mais qualidade\", como explica Cristina Januário, mãe do bebé, nascido em Maio, e que \"já tem 250 euros para abrir uma conta\".
O \"prémio\" veio das mãos do presidente da Junta de Freguesia, Fernando Carvalho da Silva. O construtor civil, que é autarca há 12 anos, resolveu \"fazer como fazem algumas câmaras e, dentro das nossas parcas possibilidades, passámos a atribuir 250 euros a cada nova criança nascida na terra. Há uns anos, não nascia ninguém. No ano passado, nasceram três e este ano já entregamos dois cheques, estando previsto o nascimento de mais um bebé. Temos que incentivar os jovens casais, a ver se nascem mais crianças\".
\"Aqui temos tudo\"
Cristina trabalha na escola do 1.º Ciclo local e Vítor é bancário numa agência no Pinhão, Alijó. Há três anos, surpreenderam os amigos de infância \"Alguns ficaram mesmo chocados, mas surgiu a oportunidade de o Vítor vir trabalhar para uma agência da Régua e tivemos de decidir de imediato. Ele já estava apaixonado por esta zona desde que namorávamos\", conta Cristina. Agora, só sentem \"saudades dos amigos e, às vezes, da praia. De resto, temos tudo. Vila Real é perto, tem shopping, tem cinema, tem teatro. Os amigos visitam-nos e só queriam era vir cá mais vezes. Foi a melhor opção das nossas vidas, sobretudo por caua dos miúdos [o Diogo tem uma irmã mais velha, a Marta, de seis anos]\", acrescenta.
Por estes dias, a Marta e o Diogo têm a companhia dos tios e dos primos de Lisboa. Luís e Cristina Ribeiro estão à espera do quarto filho. O João vem juntar- -se à Rute, de 12, ao Miguel, de oito, e ao Filipe, de cinco, que faz questão de \"destoar\" dos irmãos \"São benfiquistas, mas eu sou do Sporting\", lembra. O avÎ José Maria (que é portista) já pensou \"comprar a casa do lado, para que eles venham todos viver para Provesende\". Mas o casal e os quatro filhos garantem \"ter a vida organizada em Lisboa e ser quase impossível que tal aconteça\".
Mariana é o segundo bebé da localidade a nascer este ano. Tem três semanas e já recebeu o cheque. A mãe, Carla Alexandra Fernandes, de 26 anos \"O dinheiro é para ela. Foi por ela que o recebemos, é ela que o merece. Vou guardá-lo\", garante.
Provesende (uma das mais históricas aldeias vinhateiras do Douro) tem 417 habitantes; na escola do primeiro ciclo, há 14 alunos; na do pré-escolar, são seis.
Em Portugal, são várias as localidades, sobretudo em Trás-os-Montes e no Alentejo, que têm apostado no apoio pecuniário aos nascimentos, casamentos e fixação de jovens casais.
