A maioria das 26 corporações de bombeiros do distrito de Vila Real aderiu ao protesto nacional e não está a reportar as ocorrências ao Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS), segundo a Federação dos Bombeiros do Distrito.
Rui Lopes, vice-presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Vila Real e comandante da corporação de Peso da Régua, disse hoje à agência Lusa que a “maioria das corporações do distrito não está a facultar dados ao CDOS”.
“O apoio às populações não foi comprometido, deixamos apenas de passar a informação das ocorrências e a atualização dos meios ao CDOS”, garantiu.
Rui Lopes fez questão de frisar que os bombeiros “não estão em greve” e que “apenas não reportam informações”, mantendo-se a sua atividade operacional normal.
Esta manhã, por exemplo, ocorreu um acidente com uma vítima mortal em Ribeira de Pena.
A informação disponibilizada na página da Internet da Proteção Civil faz referência à ocorrência e contabiliza quatro operacionais e duas viaturas no terreno, meios da GNR e do INEM.
A corporação de Ribeira de Pena, que aderiu ao protesto dos bombeiros, mobilizou para o local dez operacionais e quatro viaturas mas não reportou as informações.
No domingo, os bombeiros da Cruz Branca, de Vila Real, procederam ao resgate de um homem de 76, vítima de uma queda em altura na zona de Vila Cova e a ocorrência não apareceu no PROCIV.
Rui Lopes adiantou que esta noite irá decorrer, em Vila Pouca de Aguiar, uma reunião entre os comandantes do distrito e os presidentes das associações humanitárias.
A Federação do Distrito disse que espera que a situação “não se prolongue por muito tempo” e que, o “mais rapidamente possível”, haja um entendimento entre a Liga dos Bombeiros e o Governo.
Fernando Queiroga, presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil e da Câmara de Boticas, garantiu que “em primeiro lugar está a segurança e a proteção das pessoas”. “Disso que não haja dúvida”, frisou.
O autarca criticou o Governo que disse estar a ter uma “atitude prepotente” e que quer “retirar os bombeiros do combate aos incêndios”.
“Aprovam a lei em Conselho de Ministros e só depois é que consultam a Liga dos Bombeiros Portugueses e a Associação Nacional de Municípios, que deu parecer negativo e o senhor ministro teima em querer ir com isto para a frente”, salientou.
Fernando Queiroga lembrou que, há uns anos, “António Costa, ministro da Administração Interna, acabou com os guardas florestais” o que considerou ser um “erro gravíssimo que prejudicou a floresta”.
“Agora, António Costa, primeiro-ministro, está a retirar os bombeiros do combate aos incêndios florestais para continuar a arder e continuar a arder ainda mais. Há alguma coisa escondida, por trás destas decisões”, frisou.
O autarca criticou também a nova orgânica que o Governo "quer impor" em que termina com os CDOS distritais e implementa os CDOS intermunicipais.
O distrito de Vila Real ficaria repartido entre os o CDOS do Alto Tâmega, com seis concelhos e oito corporações, e o CDOS do Douro, com 19 municípios.
“Como é que o CDOS Intermunicipal do Alto Tâmega vai gerir e fazer triangulações, não tem corporações para a fazer”, afirmou.
Disse ainda que a atual Comissão Distrital de Proteção Civil desaparece e que não ficará “nenhuma hierarquia política”.