Transmontanos discordam da subida dos preços dos combustíveis, mas alguns hesitam em abastecer em Espanha pois temem que a qualidade seja inferior.
O Diário de Trás-os-Montes (DTM) foi ouvir a opinião de condutores e alguns trabalhadores de postos de abastecimento em Bragança sobre a antecipação do aumento do preço dos combustíveis. Depois do Governo ter decidido agravar os impostos sobre os combustíveis, uma das principais medidas de consolidação orçamental, antes da entrada em vigor do Orçamento do Estado (OE) de 2016, a maioria das petrolíferas já alteraram os preços.
Em Bragança, a Repsol, por exemplo, aumentou os preços de sexta para sábado, à meia-noite, registando um afluxo fora de normal no dia que antecedeu a subida. “Sexta houve muito mais movimento. Sábado e domingo isto esteve muito mais parado. Mas posso acrescentar que a maior parte dos clientes dizem que vão meter a Espanha”, revelou Amílcar Afonso, um dos abastecedores da Repsol. “Quando estamos a atendê-los, eles dizem que vão passar a ir a Espanha e se formos a ver eles têm razão porque é uma diferença muito grande”, continuou. Questionado se, na sua opinião, a qualidade do combustível em Espanha seria a mesma, o abastecedor de 62 anos declarou que pensa ser inferior. “Eu já lá meti gasolina e nota-se até um cheiro um bocadinho esquisito. De maneira que eu acho que não será tão bem refinada como é a nossa, mas o cliente olha ao preço e não há qualidade”, concluiu o funcionário da gasolineira.
A decisão do Governo permite começar já a cobrar mais por cada litro de combustível, sem ter de esperar pela entrada em vigor do OE 2016, prevista para abril. A Repsol e a CEPSA foram as primeiras a subir os preços dos combustíveis após a entrada em vigor na passada sexta-feira da portaria que aumenta o Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP). Com uma subida de seis cêntimos por litro na gasolina sem chumbo e no gasóleo rodoviário, a que se lhe acrescenta o IVA que se paga por esse aumento da carga fiscal, o aumento pode, em alguns casos, superar os sete cêntimos por litro.
Inês Correia estuda no Politécnico e com um carro a gasóleo desloca-se quase todos os fins-de-semana entre Bragança e Alijó, de onde é natural. ““Uma pessoa nunca concorda com o aumento dos preços dos combustíveis, principalmente, sendo estudante, é difícil poupar porque precisamos do carro”, refere a jovem de 18 anos.
Na Praça de Táxis, a opinião é unânime. Ninguém fica satisfeito com o aumento, mas alguns taxistas compreendem a medida tomada pelo Governo. “Nós gostaríamos que os combustíveis descessem e não subissem. No entanto, também entendo, dada a conjuntura. E nós já estamos tão habituados a pagar muito que mais sete cêntimos não nos afeta”, adiantou José Pereira, taxista há 21 anos. “Mesmo quando a diferença era maior, nunca fui abastecer a Espanha. Até porque se não somos nós a ajudar o país, quem é que há-de ser?”, interroga o taxista brigantino de 59 anos.
Para terminar, o DTM falou com um empresário da região, para procurar entender a sua perspetiva sobre o tema. “Ninguém concorda com o aumento de impostos até porque não é justificável pela descida do preço do barril do petróleo. Já não digo descer, mas ao menos deviam ter mantido os preços como estavam”, afiançou António Paiva. Questionado sobre se abastecia no país vizinho, o empresário argumentou que “não confia no combustível espanhol”. “Dizem que é diferente e eu acho mesmo que é de qualidade inferior”, asseverou, confidenciando que alguns dos seus amigos já foram abastecer à fronteira e, depois, tiveram problemas com as viaturas.
Em Bragança, durante o dia de hoje, a gasolina mais barata encontra-se no Alto das Cantarias, na Prio, a 1,339 euros, enquanto o gasóleo, está a 1,096.
Se quiser poupar algum dinheiro nos combustíveis, faça o download na Playstore da aplicação “VivaGas”. Apesar de os preços nem sempre coincidirem, tem uma classificação de 4,1 por parte dos utilizadores.