José Manuel Pires Jardim, 57 anos, imigrante português na África do Sul, foi morto a tiro este sábado, ao chegar a casa, no bairro de Hillbrow, Joanesburgo. O imigrante - a 11.ª vítima desde o início deste ano - faz agora parte da lista negra de 332 portugueses e luso-descendentes assassinados de forma violenta neste país, em 14 anos.
Os pormenores sobre o crime que vitimou José Manuel são ainda escassos, segundo o presidente do Fórum Português e reitor da paróquia de Nossa Senhora de Fátima, o padre Carlos Gabriel. Mas duas centenas de portugueses juntaram-se ontem para participar num serviço religioso em memória de todas as vítimas, presidido pelo responsável religioso naquela igreja, em Brentwood Park, a leste da cidade de Joanesburgo.
Órfãos, viúvos, todos os afectados pela criminalidade que prevalece na África do Sul estiveram presentes na cerimónia. Em destaque, um monumento em mármore negro onde estão inscritos os nomes e algumas fotografias de todos os imigrantes portugueses assassinados desde 1990 em todo o país. Dezenas de arranjos florais cobriram a pedra.
Esta cerimónia acontece um dia antes de uma importante efeméride: comemoram-se hoje quatro anos sobre a realização da marcha contra o crime que, a 15 de Novembro de 2000, mobilizou 12 mil pessoas nas ruas de Pretória, exigindo ao Governo sul-africano medidas efectivas contra o crime.
O padre Gabriel aproveitou o evento de ontem para referir que «rezar pelas vítimas faria pouco sentido se não demonstrássemos solidariedade com os vivos». Daí que tenha lembrado também o montante conseguido em colectas efectuadas na diocese do Funchal, que o bispo da cidade madeirense destinou aos lesados pelos crimes, após uma visita recente a Joanesburgo. Ainda segundo o padre Gabriel, é fundamental honrar os mortos e apoiar os que sofreram o trauma da perda, já que considera que a tarefa de chamar a atenção para o problema da criminalidade naquele país africano se encontra longe de estar terminada. O apoio às vítimas é um dos aspectos do Fórum Português que mais consenso tem reunido dentro da comunidade.
O evento de ontem terminou de forma simbólica, quando o padre Gabriel leu os nomes dos 298 homens e 34 mulheres inscritos no memorial de mármore, em placas individuais.