Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai entregar hoje, o prémio D. Diniz, da Fundação da Casa de Mateus, a Mário Cláudio, pelo romance "Astronomia".
A entrega do galardão esteve prevista para o passado dia 18 de junho, na Casa de Mateus, em Vila Real, mas devido aos incêndios que assolavam o país, a cerimónia foi cancelada, disse à agência Lusa fonte da fundação.
O júri do prémio D. Diniz, constituído por Nuno Júdice, Fernando Pinto do Amaral e Pedro Mexia, atribuiu, por unanimidade, o prémio de 2017 a Mário Cláudio, que o receberá do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, numa sessão a partir das 18:30, que conta igualmente com a presença do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes.
Após esta cerimónia, atua a fadista Katia Guerreiro acompanhada pelos músicos Pedro Castro, na guitarra portuguesa, André Ramos, na viola e Francisco Gaspar, na viola-baixo.
O romance "Astronomia", publicado o ano passado e que também venceu o Grande Prémio de Literatura dst, em junho último, relata, num registo autobiográfico, as diferentes fases da vida do autor -- infância, maturidade e velhice --, refletindo uma visão fantasiosa de Mário Cláudio sobre o seu percurso.
Em outubro do ano passado, quando apresentou a obra em Penafiel, no Festival Literário Escritaria, que lhe foi dedicado, Mário Cláudio disse que "Astronomia" é "uma espécie de recetáculo de várias confissões e muitas mentiras".
"É um misto de temores e coragens", afirmou então no Museu de Penafiel, acrescentando: "Não sei explicar de onde é que este livro saiu dentro de mim".
Segundo as Publicações D. Quixote, que editaram o livro no ano passado, "este é o romance da vida do Mário Cláudio, um livro sobre três fases da vida de um homem, que não por acaso é o próprio escritor". O livro divide-se "em três partes -- Nebulosa, Galáxia, Cosmos".
O anterior romance distinguido com o Prémio D. Diniz foi "As Luzes de Leonor", de Maria Teresa Horta, em 2012, tendo a autora recusado receber o galardão, das mãos do então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que acusou de estar empenhado em destruir o país.
"Na realidade não poderia, com coerência, ficar bem comigo mesma, receber um prémio literário que me honra tanto, cujo júri é formado por poetas, os meus pares mais próximos - pois sou sobretudo uma poetisa, e que me honra imenso -, ir receber esse prémio das mãos de uma pessoa que está empenhada em destruir o nosso país", explicou então a escritora à agência Lusa.
Mário Cláudio é o pseudónimo do escritor Rui Manuel Pinto Barbot Costa, de 75 anos, nascido no Porto, licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, diplomado como Bibliotecário-Arquivista pela Faculdade de Letras da mesma universidade, e "Master of Arts" em Biblioteconomia e Ciências Documentais, pela Universidade de Londres.
Mário Cláudio assina uma obra que abarca ficção, crónica, poesia, dramaturgia, ensaio e que se encontra traduzida em várias línguas.
O autor foi já distinguido com o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, por duas vezes, e os prémios PEN Clube, Eça de Queiroz, Vergílio Ferreira, Fernando Namora e Pessoa.