O Presidente da República homenageou hoje a "persistente devoção" da Fundação da Casa de Mateus, em Vila Real, por não ter "sucumbido ou fraquejado" depois dos cortes, em 2012, que levaram à suspensão do Prémio D. Diniz.

O galardão foi retomado este ano e, durante a sua entrega ao escritor Mário Cláudio, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de afirmar, para "memória futura, que o "Presidente da República homenageia a persistente devoção da Casa de Mateus e da Fundação às letras, à história e à cultura".

"E agradece o não ter sucumbido, ou sequer fraquejado, sempre que a curta visão dos burocratas ou o ignorante zelo dos contabilistas confundiram o salutar controlo dos gastos públicos com a demagogia fácil ou a precipitação imprudente", sublinhou.

O Prémio D. Diniz foi interrompido em 2012 depois dos cortes nas fundações imposto pelo Governo liderado por Pedro Passos Coelho.

O galardão foi retomado este ano por iniciativa da Fundação Casa de Mateus, depois do Ministério da Cultura ter apoiado financeiramente, e foi atribuído ao escritor Mário Cláudio pela obra Astronomia.

O Chefe de Estado felicitou "vivamente prémio e premiado".

O Presidente da República referiu que, desde 1980, este tem sido o prémio "talvez mais exigente da literatura portuguesa" e saudou ter sido uma iniciativa da sociedade civil, neste caso da Casa de Mateus.

"Que se tenha podido ultrapassar, graças à intervenção de vossa excelência o senhor ministro da Cultura, os motivos que levaram à suspensão do prémio, não é bom apenas para esse prémio, para a Fundação ou para os escritores portugueses, é uma boa notícia para Portugal", salientou.

E acrescentou: "como saberão não me é estranho o funcionamento das fundações, nomeadamente das que se encontram ligadas à cultura e ao património e sei bem que num país como o nosso a saúde das fundações e as boas parcerias, que com elas estabelecem a cada momento organismos públicos ou privados, é um bom indício da saúde do próprio país".

Marcelo Rebelo de Sousa disse ter admiração pessoal pelo escritor Mário Cláudio e elogiou o seu percurso de vida, "feito de fidelidade às raízes, de rara densidade cultural, de fina intuição e sensibilidade para tempos pessoas e factos, de criatividade, de cruzamento de género e constante dialética entre uma profunda espiritualidade e uma total liberdade de juízo".

Mário Cláudio é o pseudónimo do escritor Rui Manuel Pinto Barbot Costa, de 75 anos, nascido no Porto, licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, diplomado como Bibliotecário-Arquivista pela Faculdade de Letras da mesma Universidade, e Master of Arts em Biblioteconomia e Ciências Documentais pela Universidade de Londres.

Mário Cláudio assina uma multifacetada obra que abarca ficção, crónica, poesia, dramaturgia, ensaio, e se encontra traduzida em várias línguas.
Foto: Presidencia



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