A administração da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste reiterou hoje que vai manter a decisão de realizar nos hospitais públicos as análises clínicas e deixar de encaminhar utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para os laboratórios convencionados.

A posição foi transmitida pelo director clínico dos cuidados primários da ULS, Armandino Raposo, aos representantes de um grupo de trabalhadores dos laboratórios privados, que se manifestaram hoje contra a medida daquele organismo.

Cerca de três dezenas de trabalhadores e proprietários de laboratórios de Bragança concentraram-se em frente às instalações da antiga sub-região de saúde, reclamando a manutenção dos postos de trabalho e o direito de livre escolha dos utentes.

Representantes do grupo foram recebidos pelo administrador Armandino Raposo, que reafirmou a decisão, realçando que abrange apenas os utentes de três dos 13 concelhos da área de influência da ULS, os de Bragança, Macedo de Cavaleiros e Mirandela, onde se encontram os três hospitais da região.

O administrador afirmou que esta medida «não é contra ninguém» e que a ULS continua a «contar com os laboratórios e as convenções» no resto da região.

Ressalvou ainda que «a primeira preocupação desta medida não é poupar dinheiro, mas servir os utentes».

«Nós temos três obrigações: primeiro, tratar do utente, segundo, gerir os recursos ao nosso dispor e, terceiro, respeitar os contribuintes. E eu penso que nós actuamos dessa forma e correctamente», declarou.

Depois da reunião com este responsável, o representante dos laboratórios, Roberto Costa, disse que vão «continuar a lutar», mas, perante o que lhe foi transmitido, entende que afinal «será um mal menor» e que a medida não implicará a perda de mais de uma centena de postos de trabalho no Nordeste Transmontano.

Os convencionados continuam a prestar serviços nos restantes concelhos da região e a outros subsistemas, como a ADSE, PSP, GNR ou ADMG.

Se esta «medida não se alastrar» para além dos actuais três concelhos, Roberto Costa considerou que, «com uma reorganização de meios e de pessoas, vai ser possível manter a sobrevivência de alguns (laboratórios)».

Ainda assim, afirmou que, desde que a medida está em vigor, há menos de dois meses, os privados registaram quebras que «chegam aos 90 por cento» no número de utentes.

Os contestatários denunciam ainda queixas do tempo de espera de utentes que se têm dirigido aos hospitais públicos para realizar análises, corroboradas por um transeunte que passava no local da manifestação.

Fernando Paula contou que esteve «uma hora e meia» à espera de ser atendido no hospital de Bragança.

Confrontado com a situação, o administrador da ULS, Armandino Raposo, disse que «pode acontecer se houver mais afluência», mas que também «já houve situações em que foram reforçados os técnicos e não foram necessários».

A Associação Nacional de Laboratórios anunciou recentemente que iria apresentar queixas em tribunal contras as ULS do Nordeste, da Guarda e de Portalegre, devido a esta medida.

O representante da manifestação de hoje em Bragança disse desconhecer qual o ponto da situação desta acção judicial.



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