Autarcas e cidadãos de Bragança e Zamora subscreveram hoje um manifesto a reivindicar que a ligação em auto-estrada da fronteira seja incluída na agenda da próxima cimeira ibérica, com os espanhóis a pedirem obras e os portugueses isenção de portagens.
Centenas de portugueses e espanhóis reclamam auto-estrada que ligue os dois países
Notícias País Apesar da chuva e do sono roubado pela mudança da hora algumas dezenas de pessoas percorreram a pé cerca de dez quilómetros de cada lado até à fronteira de Quintanilha para reclamarem a construção da autoestrada do lado espanhol e a isenção de portagens na que se encontra já em construção do lado português.
Da marcha luso-espanhola saiu um manifesto que vai ser remetido ao presidente do governo espanhol e ao primeiro-ministro português com reivindicações para ambos os lados.
No documento reivindicam que o governo declare de interesse internacional e prioritária a autoestrada A-11, mais precisamente os cerca de 80 quilómetros que ligam Zamora à fronteira.
O manifesto reclama ainda que esta obra seja incluída na agenda de \"temas urgentes\" da próxima cimeira ibérica e que o Governo de Portugal isente de portagens a autoestrada Transmontana até à melhoria dos indicadores sócio-económicos da região.
Eleitos dos dois lados da fronteira, nomeadamente o presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes, e Fernando Maíllo, da \"diputacion\" de Zamora lembraram o trabalho que as duas comunidades têm desenvolvido em conjunto e não entendem que entre os dois governos não exista a mesma articulação.
\"Não faz sentido que os dois governos se encontrem em cimeiras ibéricas e os calendários não sejam articulados\", frisou Jorge Nunes.
O autarca português admite que em tempo de crise os recursos são escassos, mas não aceita que sejam sempre os mais fracos os atingidos.
Do lado espanhol, Laurentino Raton marchou \"um pouquito\" porque entende que esta é \"uma estrada que interessa a todos Espanha e Portugal\".
\"O principal é ligar com Portugal, as duas nações têm de trabalhar entre elas e esta é uma via de comunicação para os camiões, autocarros, para todos\", considerou.
Do outro lado da fronteira, Augusto Morais juntou-se à marcha \"para reforçar a reivindicação dos amigos espanhóis\" porque dentro de pouco mais de um ano, do Porto ao centro da Europa, este troço entre a fronteira e Zamora será o único sem perfil de autoestrada.
Augusto Morais lembrou que o governo português \"já está a cumprir\" com a construção da autoestrada transmontana até à fronteira, mas nem por isso, deste lado da raia, deixa de haver motivo para contestação depois do anúncio da introdução de portagens naquela que tinha sido anunciada como a \"autoestrada da justiça\".
Ainda assim, não deixou de notar que \"neste momento verifica-se o contrário da ideia que prevaleceu durante muito tempo de que Portugal era mais atrasado em relação a Espanha\".
\"Portugal já está mais avançado no processo das ligações entre o litoral e o interior do que Espanha\", afirmou.
Os participantes encontraram-se sobre a antiga ponte internacional de Quintanilha de onde se avista a nova ponte que a substitui e liga os dois países, mas que esteve dois anos à espera de acessos no lado espanhol para abrir ao trânsito.