Cinco anos depois da realização da primeira Bienal da Máscara, a Mascararte - cuja terceira edição decorre até ao próximo dia 15 -, os rituais dos mascarados e a própria máscara passaram a ser uma referência da cultura em Bragança.

\"Deixou de ser um orgulho envergonhado, agora, essa tradição ligada à máscara é mais visitada e observada, tem maior atenção da cultura erudita, fotógrafos e artistas dão-lhe importância, foram realizados estudos científicos sobre o tema\", referiu Luís Canotilho, na organização do evento desde o início.

Desde 2002 que os aspectos relacionados com a máscara tiveram um incremento \"assinalável\", explicou, ao JN. Na senda da primeira bienal, nasceu o Museu Ibérico da Máscara e, no próximo sábado, vai ser apresentada a Academia da Máscara.

Em muitas aldeias, renasceram os rituais, os grupos ganharam uma maior dinamização, sobretudo do outro lado da fronteira, nas localidades junto a Zamora, Espanha, que aceitaram a Mascararte \"como um desafio\", afirmou Luís Canotilho, e reactivaram os rituais que, em alguns casos, ameaçavam perder-se. Assim, trabalha-se, actualmente, no sentido de não deixar adulterar o tradicional, com o uso de máscaras de plástico ou de Carnaval.

O presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes, admite que há, agora, uma maior visibilidade e um maior envolvimento em termos regionais e nacionais. A temática associada à identidade transmontana ganhou outra expressão a máscara, os caretos e festas associadas aos rituais de Inverno são já uma marca local.

A grande novidade da terceira edição da Mascararte é a presença da máscara brasileira, o país convidado deste ano.

Do programa, fazem parte várias actividades e espectáculos no Teatro Municipal, como a peça de teatro \"O dianho da bruxa\", relacionada com os vários rituais e festividades que há na região ao longo do ano.

Paralelamente, realizam-se cinco concursos escultura, pintura, fotografia, arte infantil e caretos.

Uma das actividades já consolidadas e que cativa mais público é o cortejo pelas ruas da cidade, realizado ontem, com a participação dos grupos de caretos da região transmontana e da zona de Aliste, contando ainda com grupos de mascarados das escolas secundárias da cidade e do ensino superior. O mascareto ficará em exposição no centro de Bragança até à sua queima, no último dia da bienal.

Academia

A constituição da Academia Ibérica da Máscara deverá incrementar ainda mais o interesse pela temática da máscara. Na sequência da primeira bienal, verificou-se \"que havia necessidade de um organismo que procedesse ao reconhecimento da actividade dos mascarados e dos artesãos\", adiantou o edil.

A academia tem uma dimensão relacionada com a formação para artesãos, grupos de caretos e estímulo à formação na área da música, que sempre acompanha a actividade dos mascarados. O conservatório ministra cursos de formação de gaita-de-foles e bombo, dois instrumentos muito usados nos grupos de caretos.

Em nove meses, o Museu Ibérico da Máscara já foi visitado por mais de 22 mil pessoas, mas as expectativas da Câmara Municipal apontam para que esse número seja superado e que até ao fim do ano atinja a barreira dos 25 mil. O êxito do espaço levou a autarquia a adquirir mais uma casa na cidadela para alargar o espaço de exposições. \" Estamos em vias de comprar uma terceira, uma vez que Espanha e países do Norte da Europa estão interessados em ter os seus grupos representados no nosso museu\", explicou o autarca Jorge Nunes, acrescentando que começa a estabelecer-se \"uma rede\" nas regiões europeias onde a actividade tem expressão.



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