A produção de castanha em Trás-os-Montes diminuiu este ano entre 50% e 60%, devido às condições meteorológicas anormais ao longo de todo o ano agrícola. A escassez do produto está a aumentar o preço no produtor em relação ao ano passado, mas mesmo um acréscimo entre 40 e 70 cêntimos por quilo - varia em função da região produtora, da variedade, da qualidade e do timing da colheita - não dá para compensar a forte quebra.
As razões mais apontadas para este ano \"fraco em quantidade\", são uma má polinização dos castanheiros, pois nessa fase as temperaturas médias não atingiram os ideais 17 ou 18 graus centígrados\", conforme disse ao JN Armando Bento, da Monteval - Associação de Desenvolvimento Agrícola de Trás-os-Montes; mas também \"as más condições atmosféricas no período da floração, pois, devido à precipitação e ao frio, muitos frutos não vingaram, afectando sobretudo as zonas com mais de 800 metros de altitude, onde a castanha costuma ser melhor e em maior quantidade\", opina neste caso Filipe Pereira, da Associação Regional dos Agricultores das Terras de Montenegro (ARATM).
Na zona de Vinhais, a quebra parece ser menos acentuada. Eduardo Roxo, da Associação de Produtores Florestais Arborea, explica, no entanto, que \"este ano, a apanha da castanha vai prolongar-se até Dezembro. Se ela não cair, teremos de recorrer a utensílios (apanhadores), cujas pancadas podem danificar a qualidade\".
As zonas transmontanas de maior produção são a serra da Padrela, com especial incidência em Carrazeda de Montenegro, concelho de Valpaços, e a chamada Terra Fria, com destaque para Bragança, Vinhais e Vimioso. A região integra duas zonas DOP (Denominação de Origem Protegida) das quatro existentes no país (a acrescentar aos Soutos da Lapa - Sernancelhe e algumas áreas limítrofes - e Marvão) .
A falta de chuva está a reter a castanha dentro dos ouriços, atrasando a apanha, ajudando também à subida do preço da castanha precoce.
No ano passado, o preço da castanha ao produtor transmontano oscilou entre os 50 cêntimos e 1,5 euros. Já este ano, esses valores subiram para um intervalo entre os 90 cêntimos e os 2,5 euros. A castanha mais precoce e de melhor qualidade custava em finais de Outubro, ao consumidor, três euros o quilo. Neste momento, o preço médio já se situa abaixo dos dois euros.