Dentro de dois ou três meses vai abrir uma discoteca no mercado municipal de Bragança. Um negócio nocturno que, segundo o presidente da câmara, Jorge Nunes, «não vai colidir em nada» com o funcionamento normal do mercado tradicional, «nem nos horários nem em termos físicos», garante.
A sociedade gestora do mercado entendeu aproveitar um espaço exterior ao edifício, até aqui vazio, ao lado dos terraços onde decorre a feira dos produtos da terra, para instalar uma casa de diversão nocturna que, no entender do edil, tem \"uma excelente localização\". Situa-se a escassos 50 metros da esquadra da PSP, numa zona de serviços fora das áreas habitacionais, no centro da cidade, com bons acessos e bastante estacionamento. A área do mercado tradicional encerra às 20h00, mas o edifício mantém-se aberto até às 23h00, hora de encerramento do Cyber Centro, que também está instalado no imóvel. O acesso à discoteca vai ser feito pelo exterior, para não perturbar o funcionamento da área comercial. No contrato efectuado entre os gestores do mercado e os promotores da discoteca estabeleceram-se regras rígidas em relação aos horários de funcionamento, cujo não cumprimento leva à rescisão imediata do contracto sem qualquer tipo de indemnizações. O horário de encerramento é às cinco da manhã, o mesmo praticado pelas restantes discotecas da cidade.
A instalação de uma discoteca no mercado causou estranheza à concelhia do PS, que ontem pediu esclarecimentos ao executivo camarário na Assembleia Municipal. Luís Filipe Fernandes, presidente da concelhia rosa, afirma que este tipo de negócios se desvia do projecto inicial do mercado, condenando sobretudo o facto de a sociedade gestora \"não ter consultado a comissão de utentes do mercado\". Nunes insiste que a discoteca não vai interferir no espaço comercial do mercado tradicional, e considera que é até uma mais-valia \"porque vai permitir que as pessoas olhem para este espaço também como um espaço de lazer\". Para além disso, garante o autarca, \"o pagamento que resulta da instalação desta actividade é superior à totalidade dos pagamentos feitos pelos operadores do mercado tradicional\".
Mercado transformado em empresa municipal
O mercado municipal de Bragança nasceu como Sociedade Anónima, constituída pela câmara municipal e pela SIMAB (Sociedade Instaladora de Mercados Abastecedores) e vai ser agora transformado em Empresa Municipal, seguindo assim a orientação do Tribunal de Contas (TC): \"Uma vez que existe uma lei-quadro que permite a criação de empresas municipais, o TC referiu, na auditoria que efectuou à Câmara de Bragança, que não fazia sentido criar uma sociedade anónima e nós estamos a seguir essa recomendação\", explica o edil Jorge Nunes. A par desta transformação, a autarquia vai adquirir 45 por cento das acções que possuía a SIMAB, que vão custar no seu conjunto 250 mil euros, ficando assim o município com 95 por cento do capital social da empresa. Jorge Nunes salienta como positiva a solução inicial, uma vez que a parceria com a SIMAB permitiu buscar apoios comunitários