Mesão Frio tem cerca de 40 alojamentos turísticos, mas falta de oferta a nível de restauração e atividades de lazer, disse hoje o presidente da câmara, que salientou que o município precisa de “agarrar o futuro”.
O diagnóstico foi feito hoje por Paulo Silva, presidente desta câmara de Mesão Frio do distrito de Vila Real, que falava à margem da conferência “Crescimento e sustentabilidade de Mesão Frio”.
O autarca disse ter a “sensação de que Mesão Frio ficou para trás no tempo”, um reconhecimento que faz com muita “pena e desgosto” porque também tem vindo a fazer parte do poder autárquico, como deputado municipal e vereador. Eleito pelo PS, Paulo Silva assumiu a presidência da câmara em 2021.
“Não conseguimos aproveitar, por razões diversas, não estamos aqui a culpabilizar ninguém, Mesão Frio não acompanhou em termos de infraestruturas o resto da região e temos aqui grandes lacunas e isso, depois, reflete-se no desenvolvimento económico”, salientou.
Por isso, disse que o município precisa de “agarrar o futuro” e, para o efeito, defendeu que é preciso valorizar e potenciar os recursos, nomeadamente ao nível do turismo e da agricultura.
O concelho que se intitula de “porta de entrada no Douro” cresceu em termos de alojamento turístico e possui cerca de 40 unidades, de diferentes tipologias, e 200 camas.
Mas, depois, segundo Paulo Silva falta oferta em termos de restauração ou atividades de lazer para “prender o turista”.
O presidente apontou boas notícias neste setor e adiantou que o Solar da Rede, hotel que esteve fechado durante vários anos, irá reabrir depois de um projeto de requalificação e ampliação por parte de um consórcio internacional.
Também o grupo que detém a Quinta da Pacheca investiu em Mesão Frio e abriu, em setembro, o Vila Marim Country Houses que disponibiliza 13 casas de matriz rural, bem como piscina exterior, sala de jogos e criou cinco postos de trabalho.
“Porque é Douro, porque é a porta do Douro e porque vivemos muito a região. É um projeto que sentimos que tem muito potencial face a esta nova demanda, esta nova procura por experiências mais imersivas e um contacto com a natureza mais próximo”, justificou Sandra Dias, diretora da Quinta da Pacheca.
Neste concelho do Douro, a economia assenta essencialmente na viticultura. São cerca de 900 agricultores espalhados por 26 quilómetros quadrados.
Paulo Silva disse que a câmara tem apoiado os produtores locais, nomadamente ajudando nas deslocações a feiras e eventos promocionais e anunciou a realização de uma feira dedicada aos vinhos rosé, nos dias 30 de novembro e 01 de dezembro, que coincide com a tradicional feira de Santo André.
“Douro em tons de rosé” contará com a participação de Elizabeth Gabay, especialista em vinhos rosados, e quer dar a “conhecer o potencial da região para a produção de vinhos e espumantes rosados de nível mundial”.
“Criar aqui um evento que nos diferenciasse e marcasse também Mesão Frio como um concelho que está atento às tendências do mercado”, justificou Justina Teixeira, da Quinta da Barca, que adiantou que se verifica, a nível internacional, um “crescimento do mercado de rosés, quer nos espumantes, quer nos vinhos tranquilos.
Porque a Mesão Frio apenas “têm chegado os trocos”, Paulo Silva reclama um “apoio muito forte do poder político e da administração pública”.
E defende que é preciso investir no reforço de segurança das estradas que ligam ao concelho, na melhoria da rede móvel e internet e nos transportes públicos. O município é servido por um autocarro que liga ao Peso da Régua.
“Tudo isso está por fazer. E o que é que o município faz? Pressiona, pressiona. (…) Mas com um FEF (Fundo de Equilíbrio Financeiro) de 3,7 milhões vai fazer o quê? Não temos hipótese”, referiu.
O concelho tem, segundo os censos 2021, cerca de 3.500 habitantes.
“Tudo isso são constrangimentos, mas também desafios e oportunidades para o investidor”, frisou o autarca.