A paixão pela meteorologia levou Márcio Santos a criar a página "Meteo Trás-os-Montes", na rede social Facebook onde partilha previsões, informações e fotografias dos seguidores que permitem saber quase em tempo real onde está a nevar ou trovoar.

Natural de Paradela de Monforte, no concelho de Chaves, Márcio Santos tem 32 anos, é bancário, trabalha em Lisboa e tem na meteorologia um passatempo que partilha com os cerca de 22 mil seguidores da página criada em 2013.

E é, segundo afirmou à agência Lusa, quando se verificam fenómenos extremos como as nevadas, trovoadas ou incêndios que a página regista os picos de visitas.

A página é também alimentada com os contributos dos seguidores que vão enviando informações e fotografias sobre os locais onde estão, o que permite saber, quase em tempo real, os locais onde está, por exemplo, a nevar.

"O "Meteo Trás-os-Montes" conseguiu afirmar-se com base na participação dos seguidores. Não é só no sentido de levar a informação às pessoas, mas as pessoas também trazem informação para a página e isso é muito importante", sublinhou.

Na quinta-feira, alguns seguidores enviaram para a página vídeos de queda de neve na zona de Montalegre (distrito de Vila Real) ou Alfandega da Fé (Bragança) e é, esta participação por parte das pessoas, a parte do projeto que mais realiza Márcio Santos.

É precisamente quando neva que mais informações são partilhadas na página e pela página, que tem parceria com outras páginas como o "Meteomontalegre" ou o "Luso Meteo".

"Gosto muito de neve, é como se fosse um espetáculo, onde todos nós podemos interagir e que molda a paisagem à nossa volta", salientou.

O responsável referiu que a neve o faz recordar dos tempos de infância, os grandes nevões que pintavam a paisagem de branco e que são, agora, cada vez mais raros.

O último grande nevão, segundo salientou, ocorreu "em 1997 e nunca mais se repetiu".

O administrador do "Meteo Trás-os-Montes" disse que sempre teve "o bichinho" pela meteorologia. No final do secundário optou por uma área com mais saídas profissionais mas manteve a paixão e foi aprendendo em fóruns da especialidade na Internet.

A página, explicou, surgiu da necessidade de ter um espaço onde pudesse escrever com liberdade, partilhar ideias, conhecimento e previsões mais próximas das pessoas.

"Em Portugal tínhamos excelentes boletins meteorológicos no tempo da minha infância e que, de um momento para o outro, desapareceram", referiu.

Márcio Santos é muito crítico em relação às previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) porque considera que "não se está a conseguir adaptar à nova realidade" e "continua com uma visão demasiado administrativa da meteorologia".

Defendeu que as previsões deviam estar mais próximas das pessoas, porque uma previsão para Vila Real não tem nada a ver com Montalegre.

"A meteorologia não se pode restringir às capitais de distrito. Não tem sentido usar o mapa administrativo em meteorologia", frisou.

E deu como exemplo o MeteoGalicia", o serviço meteorológico na vizinha Espanha que "coloca os sistemas de avisos adaptados a cada ponto para, efetivamente, as pessoas se identificarem com a previsão".



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