A concessionária das minas de Moncorvo vai exportar para a China as primeiras 50 mil toneladas de agregado de ferro de alta densidade, certificado, provenientes do depósito da Mua, revelou hoje à Lusa o presidente da empresa.
"Vamos exportar para a China as primeiras 50 mil toneladas de agregado de ferro de alta densidade, após a certificação do nosso produto por parte da União Europeia. Trata-se da nossa primeira encomenda, após reativação do projeto mineiro de Torre de Moncorvo, concretizou o presidente da Aethel Mining Limited, Ricardo Santos Silva.
O projeto, no distrito de Bragança, foi retomado no dia 13 março de 2020, após 38 anos de abandono, estando previsto um investimento de 550 milhões de euros para os próximos 60 anos.
"Os negócios que estamos a efetuar com China são muitos atrativos, já que o preço do ferro está historicamente alto e anda por volta dos 170 dólares por tonelada", indicou.
Segundo o empresário, esta primeira encomenda vai sair do porto de Leixões, no concelho de Matosinhos, distrito do Porto. Até chegar aos navios, o agregado de ferro será transportado por camião, nesta primeira fase.
"Em futuras encomendas e no prazo de meio ano, prevemos que o transporte para Leixões seja feito também por via ferroviária e fluvial utilizando a linha férrea do Douro e a Via Navegável do Douro [VND]", indicou Ricardo Santos Silva.
Para já, a empresa concionaria já chegou a acordo com empresas da região ligadas aos transportes para colocar 50 camiões nas estadas, com vista ao transporte do agregado de ferro até ao porto de Leixões.
"Os camiões vão fazer cerca de 50 a 60 viagens diárias entre o local de armazenamento do agregado de ferro e o porto de mar", vincou o empresário.
De acordo com o empresário, cada camião poderá transportar entre as 24 e as 28 toneladas de agregado de ferro de alta densidade e uma operação que será efetuada nas próximas seis semanas.
Na mira da Aethel Mining está também o porto de Sines (Setúbal), para onde será envido a matéria-prima, a partir do porto de Leixões.
A homologação do produto mineiro feira pela União Europeia vai permitir produzir vários tamanhos de "brita" de agregado com tamanhos que variam entre os cinco e os 40 centímetros de comprimento.
A empresa tem já contactos para fornecimento deste tipo de matéria-prima para países do norte da Europa, tais como a Inglaterra, Bélgica, França e Espanha. Em fase de contactos estão incluídos países árabes.
"A exportação para estes países só está dependente da nossa capacidade de logística e gostaríamos de produzir dois milhões de toneladas de agregado de ferros de alta densidade. Contudo, estamos dependentes da capacidade de transporte do produto", enfatizou.
No sítio da Mua, já é possível verificar em laboração a primeira linha produção em laboração, nãos estando excluída a criação de uma segunda linha.
A Aethel Mining prevê uma capacidade de produção de duas mil toneladas por dia de agregado de ferro de alta densidade, que será utilizado em múltiplas funções desde o ornamento orla costeira, até à contrição de grandes edifícios.
A empresa mineira contratou cerca de duas dezenas de colaboradores e pretende aumentar o número, procurando no mercado regional "mão de obras especializada".
O empresário só lamenta os contratempos caudados pela pandemia covid-19, o que veio atrasar o processo de exploração mineira.
A Aethel Mining Limited, uma "empresa britânica detida exclusivamente" pelo português Ricardo Santos Silva e a americana Aba Schubert, "que já havia recebido a aprovação da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), em novembro de 2019, para assumir o controlo da mina de Torre de Moncorvo", que tida como um "depósito de minério de ferro muito significativo no coração da Europa".
As minas de ferro de Torre de Moncorvo foram a maior empregadora da região na década de 1950, chegando a recrutar 1.500 mineiros.
A exploração de minério foi suspensa em 1983, com a falência da Ferrominas.