Pais do Leandro marcaram presença na caminhada de solidariedade promovida, ontem, segunda-feira, por um grupo de pais.

Não escondem a indignação pela ausência de uma palavra da Direcção do agrupamento da escola desde os trágicos acontecimentos.

\"Até agora só recebi um telefonema da directora de turma do Leandro, a dizer que estava pronta a ajudar-nos no que fosse preciso\", diz a mãe do menino de 12 anos que está desaparecido nas águas do rio Tua, há uma semana.

\"Ainda ninguém da direcção da escola teve uma palavra para nos dar\", afirma, consternada, Amália Pires, à porta da escola de onde o Leandro saiu a correr em direcção ao rio, após um desentendimento com outros alunos, e que, ontem, foi percorrida por mais de 500 pessoas numa marcha silenciosa de solidariedade organizada por um grupo de pais.

\"Aqui não há segurança nenhuma e não há pessoas competentes para estarem à frente desta escola. Porque aqui entra e sai quem quer. O que aconteceu ao meu filho, amanhã ou depois pode acontecer a outro. Deus queira que não, mas pode acontecer\", adverte. Amália recorda o episódio de Dezembro de 2008, quando Leandro foi agredido por vários alunos e teve de ficar internado dois dias no hospital de Mirandela.

\"Nessa altura vim à escola e o conselho executivo só me disse que foi fora da escola e que não tinham nada a ver com isso\", diz Amália ao lado de Armindo, o marido que não encontra palavras para o que está a passar. \"Ele em casa nunca dizia nada, mas o irmão e os primos dizem que ele era agredido várias vezes\", conta a mãe.

\"Deixamos de lhe dar dinheiro com o medo de ser roubado. Primeiro ainda chegamos a dar-lhe setenta cêntimos para comprar o lanche, mas começaram a dizer que lhe tiravam o dinheiro, pelo que passei a comprar as coisas e mandá-las na mochila\", conclui.

Os pais estão a ter apoio psicológico de três especialistas (dois do centro de saúde e um da câmara municipal) e todas as despesas estão a ser suportadas pelo Município.

Ontem, centenas de pessoas participaram na marcha. Cartazes a criticar o silêncio do agrupamento, pedidos de \"justiça\" ao Ministério Público, crianças com balões de diversas cores e ramos de flores, tudo serviu para mostrar solidariedade para com a dor da família.

Segundo apurou o JN, durante a manhã, a direcção da escola ainda chegou a distribuir pelos alunos uma convocatória para um abraço humano, entre a escola e o rio Tua, a realizar hoje, a partir das 16 horas. No entanto, antes do almoço houve um recuo e foram recolhidas as convocatórias, alegadamente porque a DREN não terá autorizado a iniciativa.

Inquérito conhecido hoje

A Comissão de Protecção de Menores, PSP e direcção do agrupamento reuniram, ontem, durante duas horas. A iniciativa do encontro terá partido da escola, que deverá apresentar, esta tarde, as conclusões de um inquérito que foi aberto após o desaparecimento do aluno.

Ministra da Educação considera bullying «inadmissível»

A ministra da Educação assegurou ontem, segunda-feira, que \"muito em breve\" estará terminado o inquérito para apurar o ocorrido com um rapaz de Mirandela que alegadamente se suicidou após agressões reiteradas dos colegas da escola e afirmou que o bullying é \"inadmissível\".

\"Os inquéritos ainda estão a decorrer e nós vamos aguardar pela conclusão, pelo apuramento rigoroso dos factos, para prestar alguns esclarecimentos sobre o que verdadeiramente se passou\", disse ainda Isabel Alçada aos jornalistas quando questionada se já está confirmado se este é um caso de bullying (agressão física e moral continuada) e como é que a criança, de 12 anos, abandonou a escola livremente.

\"Vamos ver como isto aconteceu\", insistiu a ministra, que falava à margem do 3.º Fórum Nacional de Saúde, em Lisboa. Questionada sobre se o Ministério da Educação comunicará à Procuradoria geral da República o resultado do inquérito, Isabel Alçada respondeu que \"as instituições, de uma maneira geral, articulam-se\" e é \"nessa perspectiva\" que trabalham.

Isabel Alçada manifestou ainda os seus \"sentimentos para com a família do Leandro\", enfatizando que o \"desaparecimento de uma criança é sempre uma coisa terrível\". A ministra realçou ainda que o Ministério da Educação \"dedica a maior atenção ao problema da segurança nas escolas\" e classificou o bullying como \"inadmissível\". \"Qualquer ameaça, agressão ou violência é absolutamente inaceitável, proibida por lei e por todos os regulamentos das escolas\", acrescentou.



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