A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, disse que se reuniu hoje, em Vila Real, com a companhia de teatro Filandorra para estudar soluções futuras para apoiar estruturas como esta e não para evitar a contestação.

“Eu devo dizer que estou aqui não para evitar a contestação, mas estou aqui para estudar soluções futuras por forma a que o Ministério da Cultura consiga chegar a todos os territórios, agir no país e construir a partir do diálogo”, afirmou a governante.

Dalila Rodrigues deslocou-se a Vila Real de propósito para ouvir o diretor e atores da Filandorra – Teatro do Nordeste que se manifestaram por a companhia correr o risco de ficar de fora do financiamento da Direção-Geral das Artes (DGArtes).

A ministra disse que o propósito deste encontro foi “encontrar novas soluções, novos procedimentos, novas fórmulas” para apoiar grupos como a Filandorra, com 39 anos de atividade e parcerias com 25 municípios, mais juntas e universidades.

“(…) ou seja, faz um trabalho de permanência numa área geográfica de enorme abrangência e, portanto, está sujeita, porque é assim que está definido pelo legado que me coube herdar, a procedimentos concursais dos quais pode não sair vencedora”, referiu.

A 16 de janeiro, atores e diretor da Filandorra vestiram-se de negro, encostaram-se a um muro e protestaram, em Vila Real, contra a exclusão da companhia do financiamento no âmbito dos concursos bienais do Programa de Apoio Sustentado às Artes 2025-2026, que dizem assentar em erros e irregularidades.

“Não quero, em circunstância alguma, interferir num procedimento concursal que está a decorrer, mas eu estou aqui para que nós, em conjunto, através da auscultação e do diálogo, consigamos encontrar novos procedimentos por forma a que as estruturas que estão a ser apoiadas pelo Ministério da Cultura tenham erradicadas as dúvidas, as inseguranças e, sobretudo, esta iminência do não apoio”, salientou Dalila Rodrigues.

Considerou ainda que “a iminência do não apoio de uma estrutura profissional como sucede à Filandorra é tudo o que o Ministério da Cultura deve temer”, e que as soluções a encontrar não podem “partir de fórmulas matemáticas ou de uma torre de marfim, mas em diálogo com as estruturas".

E uma das soluções pode passar, adiantou, por “processos de avaliação que não passem pelo concurso".

O diretor da Filandorra, David Carvalho, mostrou-se satisfeito pela visita da ministra à sede da companhia, a Teatro Caixa, um espaço onde desenvolve também a sua atividade.

“Nós estamos com a expectância que esta ministra da Cultura resolva o problema o mais rapidamente possível porque nós não vamos arredar pé (…). Decorre a audiência de interessados [do concurso], está secreta, mas a verdade é que há irregularidades que podem pôr o concurso em causa e há problemas muito grandes de falsidades na avaliação”, frisou, adiantando ter documentos, só que não pode mostrá-los.

David Carvalho disse ainda que os resultados do concurso deveriam ter sido anunciados em outubro, novembro, estando-se no final de janeiro com “zero resultados para o teatro a nível do país”, considerando que “alguma coisa está estranha”.

“Não vamos obviamente fazer considerações judiciosas sobre o que está aqui em causa, vamos dar um passo em frente", que é ver "qual é o procedimentos a partir do qual as estruturas profissionais, que têm uma experiencia de longa duração - estamos a falar de 39 anos, numa vasta área geográfica - de que modo essas estruturas podem ter garantia de que o seu trabalho vai ser continuado”, referiu Dalila Rodrigues.




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