A maioria dos responsáveis hospitalares do distrito de Bragança recebeu hoje com agrado a decisão da ministra da Saúde de criar um "grupo de hospitais" no Nordeste Transmontano, informou a Lusa.
No despacho, datado de 28 de Novembro, a ministra entendeu que o grupo de hospitais é o modelo que melhor se adapta a esta região e propõe, para os três hospitais do distrito (Bragança, Mirandela e Macedo de Cavaleiros) uma coordenação comum.
A decisão da ministra era esperada desde Setembro na região e insere-se no âmbito de um decreto-lei de 1999 para a reorganização dos serviços hospitalares através de dois modelos: a criação de centros hospitalares e grupos de hospitais.
O conhecimento do decreto-lei provocou uma onda de protestos no Nordeste Transmontano, devido à possibilidade de os três hospitais distritais poderem ser integrados no modelo de centro hospitalar.
A ministra da Saúde acabou por decidir que a melhor solução para a reorganização dos serviços hospitalares no Nordeste Transmontano é a criação de um grupo de hospitais.
Desta forma, cada uma das unidades hospitalares mantém a sua autonomia a nível estrutural e orgânico, nomeadamente no que se refere à parte financeira e de quadro de pessoal.
Na prática, este modelo vai apenas oficializar e reforçar a colaboração que já existe entre os três hospitais a nível médico e de encaminhamento de doentes conforme as potencialidades de cada um e meios disponíveis.
O despacho ministerial vai agora ser publicado em Diário da República e só posteriormente terá efeitos práticos, com a nomeação, por parte da ministra, de um coordenador comum para as três unidades hospitalares, que será o interlocutor com as respectivas direcções.
Esta decisão veio acalmar os ânimos no Nordeste Transmontano, onde a maioria dos intervenientes no processo se manifestaram contra a segunda solução prevista - o centro hospitalar.
Contra esta hipótese levantaram-se as vozes de diversas forças partidárias na região e dos hospitais de Macedo de Cavaleiros e Mirandela, com o argumento de que essa decisão implicava uma transferência de meios e serviços para Bragança, sustentada pela maior concentração de população na capital de distrito.
O presidente da Câmara de Mirandela, o social-democrata José Silvano, encabeçou os protestos e mobilizou a população do concelho numa manifestação que encheu as ruas da cidade contra a "perda de competências do hospital local".
Os protestos levaram à demissão do director do Hospital Distrital de Mirandela, Gonçalves André, que ainda se mantém, contudo, em funções, e da maior parte das chefias médicas.
Dos três hospitais distritais, apenas o de Bragança se mostrou favorável à criação de um centro hospitalar, no âmbito de uma auscultação interna às unidades de saúde.
Seguiram-se diversas reuniões entre representantes da saúde, autarcas e forças partidárias da região, de que resultou a promessa de, em Setembro, se encontrar uma decisão sobre o modelo a adoptar, mas que só agora foi tomada.
O director do Hospital Distrital de Bragança, Carlos Vaz, foi o único que defendeu publicamente a criação de um centro hospitalar e que agora encara a decisão do Ministério da Saúde, como "um primeiro passo para uma reestruturação mais global".
"Apesar disso, considero que estavam reunidas as condições para se ir mais longe", afirmou.



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