O Ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, assinalou hoje o “percurso extraordinário” concretizado por Portugal que passou de pouco mais de 25% das águas residuais tratadas em 1993 para os atuais 85%.
“E passamos de 640 hepatites que se apanhavam bebendo a água da torneira em 1993 para zero no último ano. Por isso o que fizemos é, de facto, um trabalho de que muito nos orgulhamos”, afirmou o ministro que participou hoje, em Vila Real, no seminário “Saneamento - Atividade Geradora de Recursos”, que assinalou o Dia Mundial do Saneamento.
Este dia, o “World Toilet Day”, foi proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, através da resolução 67/291 de 23 de julho de 2013 e celebra-se anualmente a 19 de novembro.
“É absolutamente essencial para melhorar a qualidade da saúde pública no mundo que haja um muito maior cuidado com o tratamento dos esgotos”, salientou João Pedro Matos Fernandes.
O ministro destacou o percurso feito por Portugal nas últimas décadas na área do saneamento, referindo que o país está “muito acima da média mundial”, mas não tem o problema todo resolvido.
No seminário, promovido pela empresa Águas do Norte e pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) falou-se do saneamento como uma atividade que pode gerar recursos.
E, segundo o ministro, quando se fala no abastecimento de água e do tratamentos dos efluentes, é preciso perceber que aquilo que aparentemente sobra nos sistemas, como as lamas das estações de tratamento de água (ETA), das lamas das estações de tratamento de águas residuais (ETAR), a própria água residual tratada nas ETAR, “não é um resíduo, é um produto”.
“E temos de saber encontrar formas para sabermos aplicar esse mesmo produto. A água residual tratada é água para muitas aplicações, não é obviamente para beber ou para lavar os dentes, mas para regar um jardim, lavar uma rua, para fazer a rega de culturas permanentes e já existem experiências em Portugal em que isso acontece”, frisou.
Para João Pedro Matos Fernandes, “é absolutamente essencial” aproveitar essa água, sublinhando ainda que esta é a única água que se de pode “fabricar”.
“E de uma maneira geral as lamas das ETA e das ETAR são sobretudo matéria orgânica. Ora, num país que tem tantos solos tão esqueléticos, isto é, com tão pouca matéria orgânica, em que tem uma parcela já tão grande em risco de desertificação, é absolutamente essencial nós olharmos para essas lamas e não fazermos delas lixo, mas sim uma aplicação, por exemplo, para espalhar no solo”, salientou.
E, segundo o ministro, já há exemplos no país.
“Já está a ser feito, mas tem de ser aumentado naquilo que está a ser feito. Temos uma estratégia para reaproveitar 20% das águas residuais tratadas nas 25 maiores ETAR do país até 2030”, salientou.
A maior dos projetos aprovados foi no Sul do país, porque é naquele território que já um problema de seca maior, e, segundo João Pedro Matos Fernandes, a “quase totalidade dos campos de golfe podem ser regados com águas residuais tratadas” e “é assim que deve ser feito”.
Ainda segundo o ministro, no âmbito dos fundos REACT vão ser abertos avisos antes do final do ano, com 10 milhões de euros para combater a desertificação dos solos e recuperar “umas centenas de milhares de hectares” no país.