A presidente da Câmara de Miranda do Douro apelou hoje para a conservação das tradicionais capas de honra independentemente do estado em que se encontrem, porque são um elemento identitário e cultural deste território raiano do distrito de Bragança.

“As pessoas têm que valorizar esta peça de vestuário e tirá-las das arcas e armários. Em caso de estarem muito desgastadas, devem ser preservadas para serem inventariadas, porque há muitas capas de honra que são muito antigas e têm grande valor histórico e cultural”, disse à Lusa, Helena Barril.

O município de Miranda do Douro está há cerca de dois anos a proceder à inventariação do número de Capas de Honra existentes no concelho para se perceber as diferentes formas de confeção desta peça do vestuário.

“É muito difícil avançar com um número exato, mas calcula-se que haja cerca de um milhar de capas de honras na Terra de Miranda e no país”, acrescentou a autarca social-democrata.

O apelo foi feito numa altura em que se prepara mais uma cerimónia de exaltação da Capa de Honra Mirandesa, agendada para 24 de março, e que vai reunir algumas dezenas destes exemplares do traje típico português.

Helena Barril deixou ainda o apelo aos proprietários de capas para que as deem a conhecer através do desfile que vai percorrer as ruas da cidade de Miranda do Douro, no dia 24 de março.

A autarca referiu também que “ainda há muitas Capas de Honra na posse das pessoas, principalmente nas aldeias, e que através de conversas do dia-a-dia se vai apercebendo desta realidade”.

“Temos de incentivar as pessoas a mostrar as suas capas, porque se trata de uma herança cultural de grande valor patrimonial e sentimental”, vincou.

As inscrições para as cerimónias de “Angradecimiento de la Capa d´Honras Mirandesa", devem ser entregues até ao dia 21 de março no Balcão Único do município de Miranda do Douro.

No âmbito das medidas de salvaguarda, cada inscrição terá de preencher uma ficha de inventariação e catalogação, relativa à sua Capa de Honras.

Este evento pretende valorizar a capa de honras assim como registar o número de capas existentes e a sua antiguidade.

Dado o valor cultural desta peça de vestuário, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) inscreveu, em novembro de 2022, a Capa de Honra Mirandesa no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI), culminando “um longo caminho na salvaguarda desta peça do traje transmontano”.

O pedido de registo foi proposto em 10 de julho de 2022 pela Câmara Municipal de Miranda do Douro, que desenvolveu um trabalho de investigação para aprofundar o conhecimento desta arte, “com o objetivo da sua inventariação na plataforma MatrizPCI”.

De um agasalho de guardadores de gado até uma peça de vestuário que "está na moda", a tradicional Capa de Honras Mirandesa está a conquistar espaço num panorama do vestuário tradicional português, onde se confecionam chapéus, capas, carteiras e outras indumentárias que são usadas um pouco por todo o país e Europa, tanto por homens como por mulheres.

A Capa de Honra Mirandesa vai continuar a ser perpetuada no tempo com várias manifestações como a do estilista português Nuno Gama, que já se tinha inspirado na peça para a apresentação da sua coleção durante a ModaLisboa 2018.

Também o ‘designer’ francês Christian Louboutin se inspirou na Capa de Honra Mirandesa para a apresentação de uma das suas coleções, em 2019.

Em fevereiro de 2019, o Papa Francisco vestiu uma Capa de Honra oferecida pelo município de Miranda do Douro.

Atualmente, é apenas utilizada em cerimónias protocolares ou atos de importância relevante. No entanto, é usual oferecer uma capa de honra às pessoas distintas que visitam o município de Miranda do Douro.




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