O mirandês, a segunda língua oficial de Portugal, está a ganhar cada vez mais adeptos. Em 1999 foi reconhecida como Língua Oficial Regional e no mesmo ano foi também publicada a Convenção Ortográfica preparada por especialistas das Faculdades de Lisboa e Coimbra e por um conjunto de mirandeses.

Hoje, esta língua de tradição oral com mais de mil anos que se falava no Reino de Leão, está em pleno desenvolvimento da sua escrita, como revela um dos grandes dinamizadores do mirandês que também é vice-presidente da CMVM. «Eu costumo dizer que no dia em que entrei para a escola houve uma criança que ficou à porta. Muitos anos depois eu fui busca-la e ensinei-a a ler. Ela já sabia falar, ensinei-a a ler e ensinei-lhe coisas que não sabia», explica Amadeu Ferreira.

O mirandês é falado por cerca de 10 mil pessoas, ensinado nas escolas oficiais de Miranda do Douro e estudado por várias universidades estrangeiras. Amadeu Ferreira afirma que «cabe aos mirandeses, antes de mais, defender a sua língua. Divulga-la, estuda-la, dá-la a conhecer. Arranjar amigos para ela e torna-la numa causa que interessa aos portugueses. Porque aquilo é uma língua de Portugal».

Para difundir o mirandês, os especialistas têm apostado nas novas tecnologias. Existem vários cursos na internet, através do e-learning, e vários sites conhecidos em mirandês como o «hi5», o «Fotoblog» ou o «Worldpress». Para breve está ainda a «Wikipédia mirandesa». Um dos grandes estudiosos do mirandês revela que a «maioria dos materiais didácticos são informáticos. São materiais que estão na internet, que estão online em sites em blogs que são aproveitados e divulgados. Tem cursos, vocabulário, dicionários, tudo isso está na internet».

A literatura também não foi esquecida e com regularidade continuam a ser publicadas revistas, jornais, livros para as crianças, como o Astérix, e até os Lusíadas. Apesar desta grande obra ganhar uma sonoridade diferente em mirandês consegue manter a poesia das várias estrofes de Camões. Os defensores do mirandês pretendem que a língua continue viva e que seja cada vez mais um contributo para o património de Portugal.



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