Mirandeses estupefactos com “conspiração” contra a Posta. E a culpa é da Universidade de Coimbra!

A Associação de Criadores de Ovinos Mirandeses (ACOM) mostrou-se hoje estupefacta com a “conspiração” contra o setor agropecuário, após a proibição do consumo de carne de vaca nas cantinas da Universidade de Coimbra, em prol da pegada ecológica.

“Trata-se de uma situação que foi recentemente extrapolada pelo discurso do Sr. Reitor da Universidade de Coimbra na abertura do ano escolar, que nos deixa a todos, principalmente àqueles que estão envolvidos neste setor, e no meio rural, preocupados e estupefactos com estes ideais irresponsáveis, demagógicos e de total desconhecimento da realidade nacional”, concretizou a secretária técnica daquela associação, Andrea Cortinhas.

A ACOM “sendo a entidade gestora do Livro Genealógico dos ovinos da raça Churra Galega Mirandesa não pode deixar de estar solidária com o setor dos bovinos e opor-se à enorme conspiração em torno deste setor e de toda a produção pecuária, quer sejam bovinos, ovinos, suíno, aves ou outros recurso pecuários”, acrescentou.

Segundo a responsável, Portugal “é considerado pela FAO (Organização para a Agricultura e Alimentação da Nações Unidas) um ‘Hot Spot’ de biodiversidades, pois existem 50 raças autóctones nacionais, entre as quais 15 são de bovinos”.

Andrea Cortinhas defende que “há um riquíssimo património genético, explorado num sistema extensivo, com baixa densidade animal, pelo que todas elas estão consideradas em risco de extinção”.

“São animais bem adaptados às condições edafoclimáticas e de maneio ancestral e tradicional que contribuem para a preservação da paisagem e do ambiente”, frisou .

Andrea Cortinhas tenta perceber se será possível manter a paisagem, ou lameiros tradicionais que contribuem de forma fulcral na captação de dióxido de carbono (CO2) sem produção animal.

Por outro lado, a técnica refere que numa altura em que se fala diariamente em incêndios florestais e em medidas inovadoras no seu combate, como, por exemplo, o uso de cabras, as chamadas cabras sapadoras, os bovinos autóctones não desempenham o mesmo papel eficientemente nesta ação preventiva.

“Se somos deficitários na produção animal relativamente ao consumo nacional, como é possível estarmos a falar em diminuir a produção. É mais vantajosa a importação de carne e consequentemente a poluição inerente ao seu transporte?”, questionou a zootécnica.

Segundo Andrea Cortinhas, existem estudos científicos que comprovam que o balanço entre a produção pecuária e a captação de CO2 é positivo, ou seja, a captação de CO2 pelas pastagens é superior ao que é produzido pela produção pecuária.

“A discussão devia centrar-se em valorizar a produção pecuária nacional, promover e desenvolver o consumo de produtos de qualidade, como o resultante das raças autóctones. No Planalto Mirandês temos dois produtos de excelência com Denominação de Origem Protegida (DOP), o cordeiro mirandês e a carne mirandesa (bovinos)”, concretizou .

Para a responsável pelo livro genológico desta raça autóctone, que está em vias extinção, “este é o debate que se deveria desenvolver em curto prazo”, numa altura de debate do novo ciclo de fundos comunitários.

“Deixo ainda o desafio, a quem estiver verdadeiramente interessado em sistemas de produção ecológicos e falar na Pegada Ecológica, em Biodiversidade, Natureza, que nos visitem e verifiquem os critérios com que nos regemos relativamente à sanidade, bem-estar animal e sustentabilidade ambiental”, frisou.



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