Cerca de 130 professores dos 160 da Escola Camilo Castelo Branco, em Vila Real, decidiram suspender o processo de avaliação de desempenho, não entregando os seus objectivos, disse hoje fonte deste estabelecimento de ensino.
Os docentes aprovaram terça-feira uma moção contra o modelo de avaliação de desempenho aprovado pelo Governo que será enviada ao Presidente da República, Ministério da Educação, grupos parlamentares, Direcção Regional de Educação do Norte e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), segundo a mesma fonte.
A professora Delfina Rodrigues, uma das promotoras da iniciativa, disse à Agência Lusa que os docentes não são contra a avaliação de desempenho mas sim contra esta fórmula de avaliação.
Por isso mesmo, e enquanto esta não for reformulada, os docentes da Camilo Castelo Branco \"tomam a iniciativa de suspender a avaliação do desempenho, não entregando os seus objectivos\", esclareceu.
Delfina Rodrigues explicou que, se entregassem os objectivos para este ano lectivo, os professores estariam a assumir um compromisso.
E, segundo a professora, são muitas as críticas dos docentes à avaliação que o Ministério da Educação está a pÎr em prática \"à revelia de toda uma classe\" e que a docente considera ser \"perversa\".
\"Os profissionais não rejeitam ser avaliados, mas exigem uma avaliação construtiva e não burocrática\", salientou.
Delfina Rodrigues defendeu ainda que a avaliação não valoriza o currículo dos docentes, nomeadamente o seu investimento em formação pós-licenciatura, e avalia da mesma forma um docente que falta muito e outro que não falta.
A docente considerou ainda que a avaliação está concentrada no presidente do Conselho Executivo, pelo que é \"muito subjectiva\".
Na moção aprovada terça-feira pelos docentes da Escola Secundária com 3º ciclo Camilo Castelo Branco de Vila Real pode ler-se que a classe docente considera este modelo de avaliação \"atabalhoado, desajustado, burocrático, anti-ecológico\", devido à \"quantidade de árvores que vai ser necessário abater para produzir pasta de papel suficiente para todas as evidências, grelhas, fichas que o modelo comporta e obriga\".
O documento refere ainda que objectivos de todos os docentes estão definidos e passam, indiscutivelmente, pelo sucesso dos seus alunos.
Porém, acrescenta, \"não está na sua mão garantir resultados\", pois há que contar com todo um conjunto de factores, como o meio onde a escola está inserida, a situação socio-económica dos agregados familiares, a cultura de hábitos de trabalho ou a ausência dela, ou a falta de expectativas de alunos e encarregados de educação.
A 12 de Abril e na sequência de várias horas de negociação, sindicatos e Governo definiram os termos de um \"memorando de entendimento\", no qual ficou acordado que em 2007/08 o modelo avançava tendo em conta apenas quatro parâmetros, aplicados de forma universal em todas as escolas, mas que em 2008/09 seriam utilizados todos os procedimentos previstos no decreto-regulamentar, entre os quais estão a definição dos objectivos individuais dos professores.