Manuel Sousa, do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, referiu que a situação de desemprego que afecta as 103 trabalhadoras da Moda Real é preocupante e afecta economicamente algumas famílias.

Todos os trabalhadores, dos quais 97 por cento são mulheres especializadas em costura, estão a receber o subsídio de desemprego há cinco meses, que se prolongará durante um ano. "Mas o que nos preocupa é o que irão fazer depois essas operárias", diz o dirigente sindical.

Isto porque na região de Vila Real não há alternativas de emprego. A esperança está na possibilidade de uma multinacional ligada ao sector têxtil comprar as instalações da Moda Real e se instalar naquela cidade.

"Há que criar alternativas de emprego, pois quando acabar o subsidio de desemprego, se não estiverem empregadas terão de se candidatar ao Rendimento Mínimo Garantido, isto numa região que já possui mais de cinco mil pessoas a receber aquele apoio mensal", comentou Manuel Sousa.

Para o dirigente sindical, a situação "é complicada", tanto que o Estado está a pagar mensalmente 7,5 mil contos às trabalhadoras da Moda Real, e na sua opinião "deveria ser o primeiro a tentar resolver a questão".

Segundo o sindicalista, o governador referiu estar a efectuar esforços para ajudar a resolver uma "situação difícil" e anunciou que a multinacional têxtil vai resolver na próxima semana a sua instalação ou não em Vila Real

Para a sua instalação, a multinacional coloca algumas condições, nomeadamente o usufruto de incentivos, isenções fiscais, o não descontar para a Segurança Social durante três anos, a possibilidade de empregar jovens à procura do primeiro emprego.

"Se esta última condição se mantiver, a fábrica não vai absorver os trabalhadores da Moda Real, pois não procuram o primeiro emprego, nem são desempregados de longa data", destacou.

Frisou ainda que "o que nós queremos aqui é a criação de emprego seguro e certo".

Manuel Sousa falou ainda da possibilidade da instalação de uma outra unidade fabril ligada ao sector têxtil, com capacidade para 30 postos de emprego, que o responsável considera que deveria "absorver de preferência aquelas trabalhadoras porque já têm formação na área".

"No entanto, todas as informação que temos sobre esta matéria não são concretas", destacou.

Entre as operárias despedidas o sentimento de apreensão é unânime porque, segundo afirmaram, os 12 meses de subsídio a que têm direito não dão garantias para o futuro.

Há trabalhadoras que se endividaram para comprar casa ou carro e que temem ficar sem possibilidades de pagar as prestações.



PARTILHAR:

Relatório em 5 de Outubro

«Radiografia cÎr-de-rosa»