O presidente da Câmara de Moncorvo (PSD) lamentou hoje a ausência de membros do executivo no concelho durante a iniciativa "Governo Mais Próximo", lembrando até haver um investimento de 552 milhões de euros na área mineira "pronto a começar".

"Fica um lamento, e foi isso que disse ao senhor primeiro-ministro. Fica o lamento de que muitas das ações realizadas durante a iniciativa ["Governo Mais Próximo"] são repetidas em muitas localidades e houve o esquecimento de um investimento de 552 milhões de euros de capitais privados no concelho Torre de Moncorvo", disse à Lusa Nuno Gonçalves.

O autarca frisou que não acredita que os ministros, e o próprio primeiro-ministro, "não tenham conhecimento desta iniciativa de capitais privados", num concelho de baixa densidade populacional, que promete criar postos de trabalho e cujo início "está previsto para o dia 05 de março".

"A comitiva governamental foi a 11 concelhos do distrito de Bragança e não passou pelo 12.º, que neste caso é Torre de Moncorvo", indicou o autarca social-democrata.

O primeiro-ministro está, desde a manhã de quarta-feira, com outros membros do Governo no distrito de Bragança, na primeira edição do programa “Governo Mais Próximo”. O objetivo é o exercício de uma governação de proximidade e entrar em contacto direto com cada região e a população.

"Ainda quero acreditar que o senhor primeiro-ministro e os seus ministros percebam que este é um investimento que está no terreno, onde se proferem discursos, como a criação de emprego ou atração de empresas para territórios de baixa densidade", vincou Nuno Gonçalves.

O autarca espera ter a presença "de alguém do Governo" no arranque do projeto mineiro previsto para o concelho de Torre de Moncorvo.

"Não estando nenhum governante, lamento. O nosso percurso é o usado nos territórios de baixa densidade: é fazermos por nós próprios, não olhando o Terreiro do Paço", rematou.

As minas de Moncorvo, cuja concessão, de 2016, foi entregue à MTI, Ferro de Moncorvo, SA, "são atraentes para a Aethel Mining não só pela suas perspetivas económicas, mas também pelo seu perfil de sustentabilidade - sendo um depósito de minério de ferro muito significativo no coração da Europa - e pelo seu potencial para revitalizar um ativo histórico da economia local", descreve a empresa.

A Aethel destacava ainda que o seu projeto para Moncorvo se "diferencia" do de todos os seus pares pelo "pleno uso da sua visão de sustentabilidade e sensibilidade ambiental".

Em novembro 2016, quando que foi assinado com a MTI o contrato definitivo relativo a esta concessão, o então ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, realçou "o empenho colocado pelo Governo para agilizar este projeto", noticiou a Lusa.

A MTI dizia esperar investir 114 milhões de euros até 2026 e produzir cerca de seis milhões de toneladas de minério nos primeiros cinco anos de laboração.

Segundo a MTI, numa primeira etapa considera-se a criação de mais de 200 postos de trabalho diretos, a que acrescerão mais de 250 nas etapas seguintes. Estima-se ainda a criação de 800 postos de trabalho indiretos.

As minas de ferro de Torre de Moncorvo foram a maior empregadora da região na década de 1950, chegando a recrutar 1.500 mineiros.

A exploração de minério foi suspensa em 1983, com a falência da Ferrominas.



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