O Favo das Artes – Casa da Cultura de Mondim de Basto representa um investimento de 1,4 milhões de euros e abre portas na sexta-feira, com a 12.ª edição do Festival Internacional de Teatro Miguel Torga, foi hoje anunciado.
“O objetivo é manter a criação artística em Mondim de Basto. Esta casa tem uma história associada a gerações de criação artística, de teatro e música. E também esta complementaridade com a dinamização turística do concelho”, afirmou Paulo Mota, vice-presidente da autarquia, que falava durante a apresentação do projeto.
Ao longo de quase um século, o edifício localizado na zona histórica deste município do distrito de Vila Real foi quartel dos bombeiros de Mondim de Basto, depois passou a Casa da Cultura e foi, agora, alvo de uma remodelação integral, ficando apenas a fachada, para dar lugar ao Favo das Artes.
O nome Favo pretende ser “identitário” e foi inspirado na cultura do mel em Mondim de Basto e nas abelhas que estão no brasão do concelho.
Paulo Mota explicou que a aquisição do edifício à corporação de bombeiros custou 325 mil euros e a empreitada representou um investimento de cerca de 1,1 milhões de euros, com 900 mil euros de financiamento FEDER inserido no plano de regeneração urbana de Mondim de Basto.
O imóvel foi remodelado, ampliado, o auditório e o palco foram construídos a um nível inferior e oferecem, segundo o autarca, condições para a realização de “qualquer espetáculo”.
A agenda cultural será trimestral e pretende ser complementar à oferta turística do concelho, muito procurado pelo turismo de natureza, pretende ajudar a combater a sazonalidade turística e pretende ser também ela (cultura) “um motivo de atração” para Mondim de Basto.
O Favo das Artes é inaugurado na sexta-feira com o primeiro espetáculo da 12.º edição do Festival Internacional de Teatro Miguel Torga para convidados, abrindo depois as portas à comunidade no sábado.
Tiago Pires, diretor artístico desta casa da cultura e do festival, explicou que a programação do mês de junho vai ser dominada pelo teatro, com a atuação de cinco companhias e a realização de nove sessões.
A abertura do festival está a cargo da companhia local Teatro Amador Mondinense (TAM) que vai apresentar a peça “Yerma”, de Frederico Garcia Lorca, segue-se depois “Mel Non Caduca”, do grupo galego Ibuprofeno Teatro, “Semente, o homem que plantava árvores”, da Ajidanha Teatro, “Bichos”, do Varazim Teatro, e “Brisa ou Tufão”, do coletivo Circolando.
Depois, até setembro a programação será “muito eclética”, abarcando diferentes géneros desde o jazz, hip-hop, soul, bossa nova, música africana e até ópera.
Às quartas-feiras e sábados, até 18 de setembro, os espetáculos decorrerão ao ar livre, no âmbito do “Favo na Rua”, em diferentes palcos como a varanda do edifício da casa da cultura, na envolvente da Casa da Eira e dos Paços do Concelho e no auditório da zona verde da vila.
Pelos palcos de Mondim de Basto vão passar projetos como o da banda Čao Laru (música polifónica), Areia & Rotsen (jazz), João Farinha (fado), Fast Eddie Nelson (blues), El Show Dodó (fantasia e humor), Mister Roland (rock), Chalo Correia (música angolana), Cálculo (hip-hop), Vitória Wilkens (bossa nova), Chulada da Ponte Nova (musica tradicional portuguesa), Simon Kempston (acústica) e Maria Casal (pop).
A aposta ao ar livre está relacionada com o período de verão, mas também devido à pandemia de covid-19.
“Esta casa tem mais de 90 anos em que houve muitas gerações de mondinenses que fizeram teatro. O festival Miguel Torga só consegue ter sucesso porque ao longo de muitas gerações foi feito um trabalho de não deixar morrer o teatro. Mondim tem o ADN do teatro nas veias”, salientou Tiago Pires.