Ainda com o cheiro a queimado no ar, os bombeiros do Pinhão regressaram a aldeia de Monteiros, freguesia de Bragado. Desta vez não para apagar incêndios, mas receber a gratidão dos habitantes, que não esquecem o inferno do dia 7 de Agosto.
\"Se não fossem eles, morríamos aqui todos queimados\", lembrou Maria do Céu, uma das poucas pessoas que permaneceu na aldeia quando ela ficou rodeada de chamas. \"Arderam algumas casas e morreu um homem, mas o esforço deles ficará para sempre na nossa memória\", diz Idalina da Graça, a quem o fogo matou o marido. \"O que ficou da aldeia foi graças aos bombeiros do Pinhão\", recorda.
Ontem, dez elementos da corporação foram visitar alguns locais onde as chamas semearam destruição, e recordaram momentos angustiantes.
Manuel Alegria, um dos \"heróis\" do Pinhão, contou, com a voz embargada pela emoção, o que aconteceu naquele dia \"Estava muito vento e havia fogo por todo lado. Pedimos socorro, mas não havia hipóteses, porque estávamos cercados. Fiquei com três bombeiros, o Filipe, o Sérgio e o Pedro. E algumas pessoas e um rapazito. Foi terrível o que passámos. Vimos casas a arder, pessoas a gritar por socorro, muito fumo e garrafas de gás a rebentar\". Apesar disso, recorda o bombeiro, \"com poucos meios, evitou-se uma grande tragédia \".
A gratidão do povo de Monteiros \" foi um gesto bonito\", garante Manuel Alegria. Mas sublinha que nada fizeram \"além do dever de bombeiros\".
Os bombeiros ofereceram lembranças alusivas à corporação, que vão ficar penduradas nas paredes do Centro Social. Porque é, segundo dizem os vizinhos, quem produz o melhor néctar do mundo, Maria do Céu ofereceu-lhes algumas garrafas de vinho do Porto. E, no final, foram, ainda, todos lanchar.
Refira-se que a reconstrução das casas destruídas nos fogos de Verão na aldeia de Monteiros tarda. Aliás, algumas ainda estão como o fogo as deixou. Outras, apenas têm telhado. \"Já não chove cá dentro, já não é mau. Mas ainda falta muita coisa. A única ajuda que tivermos foi da Cruz Vermelha. Estamos à espera da Câmara\", disse Armindo Leites, um idoso a quem as chamas destruíram a habitação.