O programa de combate a pragas agrícolas com morcegos no Parque do Tua demonstrou que estes predadores naturais contribuíram para a redução dos prejuízos nas principais culturas, sem recurso a pesticidas, disse hoje o diretor, Artur Cascarejo.
Os resultados do programa iniciado há quatro anos no Parque Natural Regional do Vale do Tua, em Trás-os-Montes, serão divulgados durante o mês de julho, mas o diretor adiantou já à Lusa que “foi um sucesso” no combate às pragas em culturas como a vinha, olival e sobreiral.
“Porque elimina as pragas agrícolas nestes três produtos essenciais do nosso território, sem agroquímicos, sem pesticidas e, portanto, de uma forma biológica, natural, no fundo num serviço de ecossistema”, afirmou.
De acordo com o diretor do parque, “provou-se que 75% da dieta alimentar dos morcegos tinha a ver com as maiores pragas destas três culturas e, por isso mesmo, os agricultores ficaram extraordinariamente satisfeitos com o resultado final”.
O programa resultou de uma candidatura ao Fundo Ambiental e foi executado com o apoio especializado do Centro de Investigação em Biodiversidade da Universidade do Porto.
Dos resultados irá surgir também, como disse à Lusa, “um guia de boas práticas para quem quiser aproveitar este exemplo e aplicá-lo noutros territórios”.
“O resultado foi de tal forma espetacular que o biólogo que esteve a trabalhar connosco, em função desse trabalho, ganhou uma bolsa e está, neste momento, a trabalhar na Áustria a desenvolver um doutoramento nesta área”, contou.
O Parque Natural Regional do Vale do Tua começou, em fevereiro de 2017, a colocar caixas-abrigo em terrenos agrícolas para criar condições para a presença dos morcegos, tendo em conta que estes pequenos predadores ajudam no combate a pragas, como insetos, o que torna desnecessário o uso de pesticidas e outros químicos para defender as culturas agrícolas.
Ao todo, foram espalhadas pelo parque uma centena de caixas com o intuito de aumentar o número de colónias de morcegos nos sistemas agrícolas e florestais, de maior relevância na área do parque, concretamente, as vinhas, os olivais e as florestas de sobreiro.
Os responsáveis acreditam que “este projeto poderá constituir um excelente exemplo onde a investigação científica está ao serviço do desenvolvimento sustentável, esperando deste modo que o modelo de gestão do parque se possa disseminar ao nível regional e nacional”.
O parque abrange os concelhos de Alijó e Murça, no distrito de Vila Real, e Mirandela, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor, no distrito de Bragança.