O Movimento Cultural da Terra de Miranda (MCTM) aprovou um plano estratégico assente em 34 projetos para valorizar os “extraordinários recursos” deste território como a língua e cultura, a pecuária e produção de energia, foi hoje divulgado.
“O objetivo do Plano Estratégico da Terra de Miranda (PETM) é a valorização dos extraordinários recursos que só a nossa terra possui e que nos distinguem, nomeadamente sete raças animais autóctones, condições excelentes de produção agrícola, um património histórico riquíssimo e os melhores recursos a nível mundial para a produção de energia elétrica. Mas, acima de tudo, uma língua e uma cultura próprias, que exprimem a alma e são a identidade de um povo. Todos estes recursos têm um valor económico incalculável”, concretizou à Lusa José Maria Pires, membro do movimento.
Segundo os elementos que integram o MCTM , o PETM assenta numa visão para o futuro da Terra de Miranda no médio prazo que a torne uma terra próspera, das mais desenvolvidas do país. Para isso apresenta uma visão, uma estratégia e identifica 34 projetos cuja implementação conduzirá a esse resultado, no médio prazo.
Para os representantes, este plano não assenta numa reivindicação de transferências de recursos do Estado nem do resto do país, mas na valorização e rentabilização de todo o enorme potencial destes recursos da Terra de Miranda.
Este Plano Estratégico identifica seis fatores de bloqueio e de empobrecimento, que impedem esses recursos de produzirem toda a riqueza que está no seu potencial, e exige o seu levantamento.
Segundo o representante do Movimento, “esses bloqueios podem ser rapidamente eliminados, porque são de natureza política. São opções políticas erradas, da responsabilidade de vários governos, que é urgente corrigir”.
“Entre eles estão as políticas extrativas promovidas ou consentidas pelo Estado, nomeadamente a imensa riqueza retirada da energia hidroelétrica produzida na região, a necessidade de reforma do quadro legal em que assenta o minifúndio, que faliu há mais de 50 anos, a reabilitação do cadastro fundiário, entre outros, tudo responsabilidades de um Estado que parece ter abandonado a região. O Plano identifica ainda as medidas necessárias à superação desses bloqueios”, indica o documento enviado à Lusa.
O MCTM sublinha no PETM que nos últimos 60 anos o Planalto Mirandês perdeu dois terços da população, "essa perda continua acelerada atualmente" e a base agrícola da economia local "sofreu idêntico desgaste".
José Maria Pires explicou à Lusa que o MCTM não vai deixar que a língua e a cultura da região do Planalto Mirandês entrem num processo de extinção devido o despovoamento deste território.
"Sofremos um colapso populacional nas últimas seis décadas e não há cultura sem população. Mas este Plano contém as medidas que conduzirão ao regresso do crescimento populacional e a um surto de crescimento económico no território”, justificou.
Para os promotores do documento, “o PETM é um grito da sociedade civil, iniciado por um conjunto de cidadãos e associações inconformadas com o rumo insustentável para onde estão a conduzir a nossa terra”.
Os autores do documento acrescentam que "oferecem ao país e aos responsáveis políticos locais, nacionais e da União Europeia, no exercício do seu dever de cidadania”.
“O Plano Estratégico da Terra de Miranda (PETM) será dado a conhecer às três autarquias desta região (Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso), bem como da respetiva Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de trás-os -Montes, seguindo-se depois idênticos pedidos aos responsáveis do Estado português e da União Europeia”, explicou à Lusa José Maria Pires, um dos representantes deste movimento cívico, acrescentando que o PETM será depois colocado em discussão pública.