O movimento cívico 'Pró Nadir' disse hoje que “pode estar em risco iminente de demolição” a antiga panificadora projetada pelo arquiteto e artista transmontano, um edifício construído em Vila Real, de propriedade privada, que está degradado.
Os responsáveis pelo movimento afirmaram, em comunicado, ter tido conhecimento da intenção de demolição do edifício, projetado por Nadir Afonso, para a ampliação de uma superfície comercial daquela cidade.
A Direção Regional de Cultura do Norte (DRNC) confirmou à agência Lusa que “emitiu um parecer favorável ao projeto de ampliação do empreendimento comercial adjacente à panificadora de Vila Real”, depois de ter avaliado o impacto do projeto no âmbito do quadro da zona especial de proteção que decorre da classificação do Alto Douro Vinhateiro.
No entanto, ressalvou que “o autor e a obra devem ser objeto de valorização na envolvente e no próprio empreendimento, para o que deverá ser elaborado um projeto a submeter a parecer da tutela”.
A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) arquivou no ano passado o procedimento de classificação da antiga panificadora de Vila Real, que tinha sido proposta por um grupo de cidadãos para Imóvel de Interesse Público, considerando que o edifício já não reúne características para uma classificação de âmbito nacional.
Após o arquivamento da proposta de classificação da panificadora, um grupo de cidadãos juntou-se com o objetivo de "divulgar e sensibilizar para a proteção do edifício", o único projetado por Nadir Afonso em Vila Real, e para "defender a sua proteção e eventual reabilitação".
Hoje, no comunicado, o movimento considerou que a “demolição da panificadora não pode acontecer, com ou sem autorização da DRCN, enquanto a câmara não der resposta ao pedido de classificação como imóvel de interesse municipal”.
Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, disse não ter recebido até ao momento qualquer pedido de licenciamento para demolição e, quanto à classificação do imóvel, referiu que o município “não tem intenção de avançar com o procedimento, porque já houve um chumbo a nível nacional”.
“Não contestamos essa avaliação que foi feita por técnicos especializados”, sublinhou.
O autarca recordou que o edifício pertence a um proprietário privado e que todo o processo de aquisição e de recuperação do imóvel poderia implicar um investimento entre os “3,5 [milhões] e os quatro milhões de euros”.
A panificadora de Vila Real foi construída entre 1965 e 1966. Esteve em funcionamento até aos anos de 1990, altura em que entrou em falência, tendo desde então estado ao abandono.