O recém-criado Movimento Pró Nadir promove, na quarta-feira, em Vila Real, um debate sobre a antiga panificadora projetada pelo arquiteto e artista transmontano, um edifício de propriedade privada, que está degradado e cujo pedido de classificação foi arquivado.

O debate “Nadir à tarde” é organizado em parceria com o Grupo de Missão Cultura da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Segundo comunicado da organização, “o objetivo é refletir sobre a importância da panificadora de Vila Real, projetada pelo artista e arquiteto transmontano Nadir Afonso, agora que o edifício atingiu um estado crítico de degradação e foi arquivado o pedido para a sua classificação”.

A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) revelou a 11 de abril que arquivou o procedimento de classificação da antiga panificadora de Vila Real, que tinha sido proposta por um grupo de cidadãos, para Imóvel de Interesse Público.

O procedimento de classificação foi aberto a 11 de abril de 2017 pela DGPC, depois de denúncias de alegadas demolições parciais na fachada e cobertura do já muito degradado edifício Nadir Afonso.

Após o arquivamento da proposta de classificação da panificadora, um grupo de cidadãos juntou-se com o objetivo de "divulgar e sensibilizar para a proteção do edifício", o único projetado por Nadir Afonso em Vila Real, e para "defender a sua proteção e eventual reabilitação".

Na quarta-feira, o filme “Nadir Afonso: O Tempo Não Existe”, de Jorge Campos, dá o mote para o debate que conta com a participação de investigadoras da UTAD, arquitetos, com a moderação do jornalista e ex-presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) Carlos Magno, e termina com Laura Afonso, da Fundação Nadir Afonso.

Recentemente, o Bloco de Esquerda, através do deputado Jorge Campos, questionou o Governo sobre o arquivamento do procedimento de classificação da antiga panificadora de Vila Real.

O deputado perguntou ao ministro da Cultura se tem conhecimento do processo e do parecer da Direcção Regional de Cultura do Norte, que refere “a importância singular “do edifício e ainda que a “reconstrução é perfeitamente possível”.

“Não receia o Governo que o arquivamento deste processo incentive a má conduta e destruição de património por parte de quem, tendo outros interesses, o não queiram preservar”, questionou o deputado.

Por fim, o deputado quer que o Governo confirme se “uma das razões para a não-classificação do edifício como de interesse público se prende com o facto [de a] Câmara de Vila Real não ser favorável a essa classificação”.

A panificadora de Vila Real foi construída entre 1965 e 1966. Esteve em funcionamento até aos anos 1990, altura em que entrou em falência, tendo desde então estado ao abandono. O edifício pertence a um proprietário privado.



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